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Saúde

Quase 80% dos casos notificados de HIV/Aids na Bahia em 2024 são de pessoas entre 20 e 49 anos

Embora não tenha cura, o HIV pode ser tratado com medicamentos que controlam o vírus

Por Emilly Lima
Ás

Atualizado
Quase 80% dos casos notificados de HIV/Aids na Bahia em 2024 são de pessoas entre 20 e 49 anos

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

A Bahia registrou 3.309 casos notificados de HIV/Aids entre janeiro e 25 de novembro de 2024, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Deste total, 2.621 casos ocorreram em pessoas com idades entre 20 e 49 anos, o que corresponde a 79,2%.  

O HIV é o Vírus da Imunodeficiência Humana, responsável por invadir, atacar e enfraquecer o sistema imunológico, que protege o corpo contra doenças. O comprometimento pode variar desde a fase aguda até o desenvolvimento da doença na sua forma agravada, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). 

Das notificações registradas no estado baiano, há uma prevalência de casos entre homens. Do total, 2.299 notificações são de pessoas do sexo masculino, enquanto 1.007 são de mulheres. Em três casos, o sexo foi ignorado. 

O coordenador do Serviço de Infectologia do Hospital Mater Dei Salvador, Dr. Victor Castro Lima, explica que a infecção pelo HIV não significa, necessariamente, que o paciente tem Aids.  

"A infecção pelo vírus HIV tem três fases clínicas: a fase aguda, logo após o contato inicial com o vírus, quando há sintomas semelhantes aos de uma virose; a fase de latência clínica, em que a pessoa está assintomática, mas o vírus compromete o sistema imunológico ao longo do tempo; e o terceiro estágio, que é a Aids, um estágio avançado da infecção pelo HIV. Portanto, é possível que a pessoa tenha HIV e não tenha Aids", esclarece o infectologista.  

O preconceito é um desafio  

O coordenador do Serviço de Infectologia do Hospital Mater Dei Salvador, Dr. Victor Castro Lima, esclarece, porém, que a infecção pelo HIV não significa que o paciente tem Aids. 

"A infecção pelo vírus HIV, ela tem três fases clínicas: a fase aguda, que é logo após o indivíduo ter o contato inicial com o vírus e aí ele tem sintomas de uma virose. A segunda fase chamamos de latência clínica, que é caracterizada pela pessoa estar assintomática, ou seja, sem manifestações clínicas associadas ao vírus e ao longo do tempo o vírus vai acometendo o sistema imunológico. O terceiro estágio é o que nós chamamos AIDS, que corresponde a um estágio avançado da infecção pelo HIV.  Portanto, é possível que a pessoa tenha HIV e não tenha AIDS", explica o infectologista. 

Para o especialista, o preconceito e a estigmatização da infecção são os maiores desafios na atuação pelo combate da pandemia do HIV atualmente. Segundo ele, por muitos anos, a doença era associada a pessoas LGBTQIAPN+, o que não é verdade já que qualquer indivíduo sexualmente ativo está propício a se infectar pelo HIV. 

"Durante muito tempo a infecção pelo HIV foi tida como uma infecção que era uma sentença de morte, muito estigmatizada porque é como se as pessoas tivessem hábitos de vida sexuais que feriam "aos costumes mais tradicionais". Hoje já se sabe que absolutamente qualquer indivíduo pode se infectar pelo HIV, ele não está restrito a populações, apesar de existirem grupos de risco", diz o médico.

Tratamentos anti-HIV  

Embora não tenha cura, o HIV pode ser tratado com medicamentos que controlam o vírus e mantêm o sistema imunológico saudável, evitando a evolução para a Aids. Entre os tratamentos disponíveis estão a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), utilizadas em diferentes contextos.  

A PEP é indicada em caráter de urgência, quando uma pessoa se expõe a uma situação de risco em que pode ser contaminada pelo HIV. É recomendado procurar um serviço de saúde especializado para dar início aos medicamentos, que devem ser usados por 28 dias. 

Já a PrEP é tomada diariamente e de forma programada, antes do risco de exposição ao HIV. O medicamento é indicado para qualquer pessoa com maior chance de entrar em contato com a infecção, a exemplo de homens cisgêneros heterossexuais, bissexuais, gays e outros homens cisgêneros que fazem sexo com homens, pessoas não binárias designadas como do sexo masculino ao nascer, travestis e mulheres transexuais, além de pessoas que estejam se relacionado com outra que vive com HIV.   

O Dr. Victor Castro Lima reforça que o individuo que for exposto ao vírus deve iniciar o tratamento com o PEP em até 72 horas após o risco. "Ao fazer uso da profilaxia pós exposição, o risco da pessoa se contaminar ele reduz de forma muito substancial desde que começado no tempo correto". 

O infectologista destaca ainda que com o tratamento em dia, a pessoa deixa de ter o risco de doenças "oportunistas" e passa a ter uma expectativa de vida igual a de uma pessoa que não tem HIV. 

"Eu comparo muito como uma pressão alta. A pressão alta, boa parte das vezes, é uma condição que não tem cura. Ter que conviver ali o resto da vida tomando uma medicação. É isso que acontece hoje com a infecção pelo HIV. A pessoa tem que fazer o uso regular de uma medicação, para conseguir controlar a doença e  reduzir os riscos das consequências infecção", explica. 

Prevenção combinada 

Além do tratamento anti-HIV, também há diferentes estratégias para a prevenção do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis, entre eles o uso de preservativos, testagem rápida e vacinação contra o vírus da hepatite B e contra o HPV. 

"O uso de preservativos é uma das estratégias. É uma estratégia importante, mas ela não deve ser utilizada de forma isolada. Podemos considerar fazer a testagem de rotina das pessoas sexualmente ativas para um diagnóstico precoce e consequentemente quebrar a cadeia de transmissão. Ou testes rápidos para infecções sexualmente transmissíveis, em detectando essas infecções, que elas sejam tratadas o mais brevemente possível", cita o médico infectologista.  

Outra forma de prevenção é o não compartilhamento de seringas, principalmente entre as pessoas que fazem o uso de drogas intravenosas. "E nesse contexto é importante lembrar que existem algumas vacinas para infecções sexualmente transmissíveis. Hoje nós temos vacina contra o vírus da hepatite B e nós temos vacina contra o HPV, que são dois vírus que são repetidos por via sexual. Portanto, a vacinação contra esses vírus também pode influenciar na prevenção do HIV", conclui. 

A Bahia disponibiliza 32 serviços que oferecem a PrEP. Confira a tabela abaixo: 

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