Relator da CPI do MST prevê queda de seu parecer de investigação
Deputado Ricardo Salles expressa ceticismo quanto à aprovação de seu parecer final
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O deputado Ricardo Salles (PL-SP), que atua como relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara voltada para investigar as atividades do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), revelou sua falta de confiança na aprovação de seu parecer final. Salles, em declaração à coluna, indicou que a previsão é que seu parecer seja rejeitado pelos membros governistas da comissão.
"Não tenho esperança de aprovação do meu parecer. Acho que teremos que produzir um texto alternativo, depois que os governistas aprovarem o relatório final deles, que será diferente do meu", afirmou o deputado.
Essa perspectiva de Salles surge após o centrão, um grupo parlamentar que apoia o governo, ter substituído membros da CPI que eram mais críticos ao governo por figuras mais alinhadas com a atual gestão. "Acredita-se que os líderes possam voltar atrás, mas eu não acredito. Eles já derrubaram vários dos nossos requerimentos. Estão passando o trator", expressou Salles.
O relator da CPI indicou que seria possível alcançar um acordo com os membros governistas para aprovar seu relatório, mas isso exigiria não solicitar o indiciamento de certos indivíduos dentre os 15 nomes que pretende propor para tal medida.
Contudo, ele destacou que não abrirá mão do indiciamento do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), que é membro titular do colegiado. "Seria impossível fechar o meu relatório sem indiciá-lo", afirmou Salles, reforçando um argumento já apresentado anteriormente.
Valmir Assunção, líder do MST no sul da Bahia, é alvo das acusações contidas no relatório de Salles, que o responsabiliza por práticas como queima de residências e trabalho compulsório sem remuneração.
Embora Assunção tenha evitado comentar publicamente sobre seu possível indiciamento, ele negou repetidamente as acusações do relator durante as sessões da CPI. Em uma entrevista recente, afirmou: "Não é esta CPI que vai impedir que os movimentos populares continuem lutando. Independente do relatório final."