Relatório aponta que quantidade de plástico nos oceanos vai quadruplicar até 2050
Cerca de 2.144 espécies marinhas já encontraram resíduos plásticos em seu hábitat
Foto: EyeEm/Getty Images
Um novo relatório produzido pela organização WWF, centrada na conservação e recuperação ambiental, mostra que a situação dos plásticos no oceano é dramática, e pode piorar. Segundo cálculos da organização, que se baseia em uma projeção de que a produção de microplásticos deve dobrar até 2040; sob essa realidade, o volume de resíduos jogados no mar terá quadruplicado até 2050.
Por meio da análise de 2.590 estudos, o documento alerta que até o fim deste século, uma área marítima duas vezes e meia o tamanho da Groenlândia terá excedido os limites ecologicamente perigosos de concentração de microplásticos.
Ainda não estamos em 2050, mas os efeitos já são sentidos: cerca de 2.144 espécies marinhas encontraram resíduos plásticos em seu hábitat e 88% desses são impactados negativamente pelo lixo jogado no oceano. Ou seja, o plástico permanece onipresente nos oceanos, e, caso não seja contido, irá provocar estragos ainda maiores no planeta.
“Eliminar a contaminação plástica do oceanos é muito complicado”, diz Heike Vesper, diretora do Programa Marinho da WWF Alemanha. “O plástico se degrada constantemente e, portanto, permanece nos mares por anos a fio", completa.
Apesar da situação ser dramática, ainda há esperança. Não é possível fazer intervenções sobre a degradação iniciada no passado. No entanto, há como criar mecanismos para proteger o meio ambiente no futuro. De acordo com especialistas, uma medida decisiva para isso é a redução a zero da produção de plástico virgem a partir de combustíveis fósseis.
Entretanto, o Brasil está seguindo na direção contrária ao planeta. É isso que mostra um levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). O documento aponta que, em 2020, o país concedeu 124 bilhões de reais, ou 2% do PIB, em subsídios aos combustíveis fósseis, 25% a mais do que em 2019.
Um caminho para suprimir a falta do plástico em ambientes que precisam do material, como hospitais que contam com uso de EPI's (Equipamentos de Proteção Individual) descartáveis, é a produção de bioplástico feito a partir de fontes renováveis de biomassa, mercado em que o Brasil tem enorme potencial. Há que ser considerada também as iniciativas de coleta, reciclagem e reintrodução de embalagens plásticas na cadeia produtiva.
Mas todas essas alternativas precisam contar com a boa vontade de governos, empresas e dos próprios cidadãos. Há uma pressão pela mudança: dois milhões de pessoas assinaram uma petição da WWF defendendo a adoção de um tratado global sobre o tema, e o documento recebeu apoio de 100 empresas multinacionais e 700 organizações da sociedade civil.
A certeza é de que o mundo precisa definir os rumos da política ambiental para que continue existindo vida no planeta Terra.