Representatividade e fé da Bahia
Confira nosso editorial desta quinta-feira (16)
Foto: Divulgação
A mais importante das chamadas ‘festas de largo’ de Salvador, a Lavagem do Bonfim expressa a representatividade da cultura e da fé da Bahia, uma exaltação ímpar do sincretismo religioso e da força de uma tradição secular.
Este ano, o evento comemora 275 anos da chegada da imagem em Salvador com o tema “Senhor do Bonfim, 275 anos de devoção, veneração e proteção” e com o lema “Ontem, hoje e sempre sob a sombra da Tua cruz”.
Além disso, é o início da tentativa de radicalizar a Lavagem, propondo a retomada de antigos elementos e que rementem à relação dos baianos no período do Brasil Colônia com a religiosidade que os cercavam: o retorno de quermesses, por exemplo, para manter os fiéis por mais tempo na Colina Sagrada, próximo a representatividades do Bonfim.
2020 é, ainda, um ano importante para a Igreja Católica e a Lavagem do Bonfim. Depois de décadas, a imagem do santo voltou a acompanhar a procissão. Ontem, foi levada em uma procissão marítima até o 2º Distrito Naval de Salvador. Hoje, segue junto aos fiéis - da basílica no Comércio -na tradicional caminhada religiosa de Corpo e Alma, em direção à Colina Sagrada, onde fica a Igreja do Bonfim.
Mas a Lavagem do Bonfim é, principalmente, resistência e aglutinadora, uma memória ancestral altiva que se impõe frente às mudanças do tempo. É icônico a força da festa em reunir católicos, espíritas, umbandistas, pessoas do candomblé, agnósticos e evangélicos. A fé, qualquer que ela seja e qualquer que seja sua intensidade, é elevada neste evento em nome da paz e da exaltação da baianidade.
A Lavagem do Bonfim é a marca da Bahia, uma expressão única de resistência diante do racismo e da intolerância religiosa.