Revista científica destaca pontos essenciais para entender comportamento do coronavírus

Após seis meses da maior crise do século XXI, grandes questões seguem sem respostas

Por Da Redação
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Revista científica destaca pontos essenciais para entender comportamento do coronavírus

Foto: Reprodução

Conhecida mundialmente como a pior crise do século XXI, a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, segue sendo um mistério para cientistas, mesmo com todas as descobertas já feitas até o momento. Com mais de 11 milhões de casos de contaminação e com mais de 500 mil mortes em todo o mundo, o vírus SARS-CoV-2 dominou a atualidade e os laboratórios.

Após seis meses do primeiro caso em Hubei, província da China, os cientistas já descobriram como o vírus é transmitido, como é o acesso dele no ser humano, quais os danos o paciente pode sofrer e até o medicamento que auxilia em casos mais graves. No entanto, ainda há questões que precisam ser esclarecidas para que a população compreenda melhor o comportamento do vírus. E a revista científica Nature resumiu alguns pontos que precisam ser investigados:

Porque é que as pessoas respondem à doença de formas diferentes?

No mês passado, uma equipe de investigadores de várias universidades do mundo publicou um estudo que demonstrava a existência de dois componentes genéticos que são mais propícios a levar a uma forma de Covid-19 mais grave. Foram analisados genes de quatro mil italianos e espanhóis, no qual concluiu que uma das variáveis apresenta-se na região que determina o tipo de sangue e a outra variável está presente em vários genes, incluindo um que interage com o receptor que o vírus usa para entrar no corpo e outros dois genes ligados às moléculas que desenvolvem a imunidade.

Os especialistas precisam reunir a maior quantidade de dados genéticos possível, através de biobancos espalhados por todo o mundo. Há pelos menos uma dúzia de instituições na Europa e nos Estados Unidos que já manifestaram o interesse em contribuir com informações genéticas de pacientes infetados pela Covid-19, como o Biobank do Reino Unido ou o Personal Genome Project, da Universidade de Harvard.

Qual é a natureza da imunidade e quanto tempo dura?

Os cientistas que passaram a se dedicar para encontrar a cura para a Covid-19 focou na produção de anticorpos neutralizantes que se ligam às células virais e previnem diretamente a infeção. Mas, até o momento, foi possível perceber que os níveis de anticorpos neutralizantes se mantem alto durante um período, mas depois começam a diminuir.

Contudo, existem outras células que também podem ajudar no combate ao vírus. A células T são unidades importantes para alcançar a imunidade a longo prazo, e alguns estudos sugerem que estas também podem ser úteis no combate à SARS-CoV-2. Para além de continuar desenvolvendo pesquisas sobre estas células, é importante que os cientistas comparem os diferentes estudos da Covid-19 com outros estudos de doenças infecciosas, para que se possa estimar por quanto tempo se mantém a proteção.

O vírus desenvolveu alguma mutação preocupante?

Em junho, o Instituto Ricardo Jorge (INSA) já tinha detetado 600 mutações do novo coronavírus. “Este número não tem nada de significativo, em termos de investigação é que o tem, [porque] permite-nos perceber até que ponto há algo variável e é isso que estamos a fazer”, sublinhou Fernando Almeida, presidente do INSA. Ele explicou ainda que cada novo vírus pode sofrer, em média, entre uma a duas mutações por semana e todas as mutações que foram detectadas até agora pertencem ao mesmo grupo genético e partilham a mesma mutação específica da proteína ‘Spike’, aquela que permite que o vírus infecte o ser humano.

A vacina será eficaz?

Estão cerca de 200 vacinas em desenvolvimento, desse total 20 já estão em ensaios clínicos. Estes ensaios irão comparar as taxas de infeção de Covid-19 entre as pessoas que recebem uma vacina e aquelas que recebem um placebo.

Há uma equipe de investigadores que testou a vacina experimental ChAdOx1 nCoV-19 em macacos rhesus. Esta experiência resultou de forma positiva na prevenção de infeções pulmonares e de pneumonias, mas não no bloqueio de infeções em outras partes do corpo, como no nariz, por exemplo. Os macacos que receberam uma vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e foram expostos ao vírus, tinham menores níveis de material genético viral no nariz, em comparação com os ?níveis em animais não vacinados. Resultados como este aumentam a probabilidade do desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 que previne doenças graves, mas não a disseminação do vírus.

Qual a origem do vírus?

A primeira teoria, e a que tem maior apoio dos cientistas, é que o vírus provavelmente surgiu em morcegos. Este grupo hospeda dois coronavírus intimamente relacionados ao SARS-CoV-2: um, chamado RATG13 que foi encontrado em morcegos Rhinolophus affinis na província de Yunnan, no sudoeste da China, em 2013, e é 96% idêntico ao vírus SARS-CoV-2; O outro é o RmYN02, um coronavírus encontrado em morcegos Rhinolophus malayanus, que é 93% semelhante ao novo coronavírus, segundo a Nature.

A diferença é de 4% entre o RATG13 e o SARS-CoV-2 representa décadas de evolução e que ao longo desse tempo houve diversos portadores do vírus. Mas, para rastrear o trajeto do vírus até chegar aos humanos, os cientistas precisariam encontrar um animal com um vírus 99% semelhante ao SARS-CoV-2.
 

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