Alcolumbre deve indicar para ministério nome sem filiação, após fracasso do governo com Pedro Lucas
Um interlocutor de Lula diz que o governo não tomará nenhuma decisão com "a cabeça quente" em relação ao partido

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom | Agência Brasil
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), deve indicar um nome considerado técnico para ser o novo ministro das Comunicações do governo Lula (PT), segundo aliados do senador e auxiliares do presidente da República.
De acordo com relatos, a tendência é que seja um nome sem filiação partidária e da estreita relação de confiança de Alcolumbre.
A decisão foi tomada ainda na noite de terça-feira (22), após o deputado Pedro Lucas (União Brasil-MA) confirmar a recusa de integrar a Esplanada, em um constrangimento público que expôs a fragilidade do governo federal em sua base.
De acordo com relatos, Alcolumbre fez chegar a integrantes do Palácio do Planalto na própria noite de terça que deveria escolher um nome com esse perfil.
Há uma expectativa entre aliados dos dois políticos que um encontro entre o presidente da República e o senador possa ocorrer ainda nesta quarta-feira (23) para definir o nome do próximo ministro.
Como a Folha mostrou, integrantes do Palácio do Planalto se irritaram com esse cenário e passaram a cogitar rever o espaço do partido no primeiro escalão do petista.
A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) foi chamada pelo petista na noite de terça para uma reunião no Alvorada após Pedro Lucas oficializar a recusa para tratar do tema.
Mesmo diante desse cenário, no entanto, um interlocutor de Lula diz que o governo não tomará nenhuma decisão com "a cabeça quente" em relação ao partido. Ele cita a proximidade do presidente da República com Alcolumbre como outro motivo para não acirrar essa tensão com o União Brasil.
Marcado por divisões internas, com uma ala oposicionista e outra mais próxima do governo federal, o União Brasil tem indicados no comando de outros dois ministérios (Turismo e Desenvolvimento Regional) e é a terceira maior bancada da Câmara, com 59 deputados.
Esse aliado do petista diz que foi dado um crédito para uma nova indicação da sigla e afirma que é preciso acompanhar como será conduzido esse processo daqui para frente. Caso confirmada a indicação de Alcolumbre para o posto, isso ampliará a influência do senador no Executivo. Isso porque ele também foi responsável por indicar o ministro Waldez Góes (Desenvolvimento Regional).
De acordo com relatos de três aliados de Alcolumbre, há uma possibilidade de que ele escolha um nome que integre o quadro da Telebras, vinculada à pasta das Comunicações. Nesse cenário, é lembrado o presidente da empresa, Frederico de Siqueira Filho, cuja indicação ao cargo é atribuída nos bastidores a Alcolumbre. Outro interlocutor do senador, no entanto, não descarta que ele indique uma mulher que integre a empresa.
O comando do Ministério das Comunicações está vago desde o último dia 8, quando o então ministro Juscelino Filho (União Brasil-MA) deixou o posto após ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de corrupção passiva e outros crimes relacionados ao desvio de emendas.
Apesar de o União Brasil integrar formalmente o governo, o partido não tem entregado votos em matérias consideradas prioritárias para o Executivo.
Recentemente, outro episódio envolvendo a sigla irritou integrantes do governo, quando 40 dos 59 deputados da bancada assinaram o requerimento de urgência para o projeto de lei que dá anistia aos condenados do 8 de janeiro.