Risco de suicídio entre adolescentes superou outras idades na pandemia
Estudo usou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (SIM/SUS) entre 2000 e 2022
Foto: Freepik
A probabilidade de casos de suicídio entre adolescentes cresceu de forma mais intensa do que entre outras faixas de idade, aponta estudo de tendência temporal da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Segundo dados do relatório Adolescência e suicídio: um problema de saúde pública, em todos os grupos etários, a tendência da contribuição do suicídio é ascendente.
Mas o aumento entre 2000 e 2022 é mais significativo entre os jovens (131,39%) do que entre os adultos de 30 anos ou mais (41,61%).
A variação entre adolescentes (185,27%) e jovens adultos (111,78%) também foi grande. A pesquisa apontou que o aumento é mais acelerado entre as pessoas de 10 a 19 anos.
O estudo usou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (SIM/SUS) entre 2000 e 2022 para analisar a proporção de suicídios entre as mortes nos seguintes grupos etários: adolescentes (10 a 19 anos), jovens adultos (20 a 29 anos), jovens (10 a 29 anos), adultos incluindo jovens (20 anos ou mais), e adultos excluindo jovens (30 anos ou mais).
Em seguida, foram identificadas mudanças nas tendências de suicídios ao longo do tempo a partir do cálculo das taxas de mortalidade entre os grupos investigados.
Entre os anos analisados, o suicídio representou, em média, 4,02% das mortes entre indivíduos de 10 a 29 anos. A contribuição foi menor para o grupo de 30 anos ou mais, de 0,68%. Entre adolescentes, o suicídio corresponde a 3,63% das mortes, em comparação com 4,21% entre jovens adultos.
Embora historicamente as mortes de adolescentes sejam menores do que as de jovens adultos, a diferença diminuiu com o tempo: A probabilidade de suicídio nos dois grupos se igualou em 2019 e, desde então, tornou-se pior para os adolescentes.
A tendência se reverteu em 2022 e a chance de indivíduos de 10 a 19 anos provocarem a própria morte foi 21% maior do que entre jovens adultos. Os autores ressaltam que as mudanças aconteceram durante a pandemia.
O cenário econômico e a crise climática são fatores que influenciam na saúde mental de adolescentes e jovens, apontam eles, assim como a incerteza do futuro.
A taxa da população geral também foi quatro vezes maior em 2022 em relação ao primeiro período analisado.
Nessa comparação da série história, a taxa dos jovens subiu para 6,83 vezes. Já a dos adolescentes subiu em 53,6 vezes.
Segundo o relatório, "o suicídio é um problema de saúde pública que deve ser uma prioridade na agenda política para a população jovem".
Por isso, os pesquisadores apontam que é importante que o Ministério da Saúde foque em uma política pública mais específica para os adolescentes, que não seja parte de um conjunto que inclui crianças dentro do SUS (Sistema Único de Saúde).
ONDE BUSCAR ATENDIMENTO?
**Rede de Atenção Psicossocial**
Mapa mostra as unidades da rede habilitada pelo Ministério da Saúde até set.2020
**Mapa Saúde Mental**
Site mapeia diversos tipos de atendimento: www.mapasaudemental.com.br
**CVV (Centro de Valorização da Vida)**
Voluntários atendem ligações gratuitas 24 horas por dia no número 188: www.cvv.org.br.