Roubos de cabos de telecomunicação batem recorde no Brasil em 2023
O envolvimento de funcionários das empresas de telecomunicações tem contribuído para o agravamento da situação

Foto: Reprodução/TV Globo
O Brasil enfrenta um recorde alarmante de roubos e furtos de cabos de telecomunicação nos primeiros seis meses de 2023, com quase 2,9 mil km de fiação subtraídos no país, equivalendo a uma média de 16 km por dia. Essa estatística, divulgada pela Conexis Brasil Digital, entidade que representa as principais operadoras de telefonia e internet, representa um aumento de 23,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O furto de fiação não apenas prejudica a prestação de serviços de telefonia, internet e TV por assinatura, mas também afeta serviços essenciais como semáforos, transporte sobre trilhos, iluminação pública e distribuição de energia elétrica. Mais de um quinto das ocorrências mapeadas pela entidade foram registradas em São Paulo, onde o crime teve um crescimento de 35%. O Paraná e a Bahia também enfrentam aumentos significativos, com 591 km e 296 km de fios furtados, respectivamente.
Além de quadrilhas especializadas, o envolvimento de funcionários das empresas de telecomunicações tem contribuído para o agravamento da situação. Segundo o delegado Paulo Eduardo Pereira Barbosa, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), o acesso privilegiado desses funcionários às informações sobre a localização dos fios de maior valor comercial tem incentivado o aumento de casos envolvendo membros internos. O cobre, material valioso utilizado na confecção dos cabos, é um dos principais alvos dos criminosos, devido ao seu alto valor de mercado. Atualmente, o quilo do metal é cotado em cerca de R$ 40.
A Conexis reitera o compromisso das operadoras em colaborar com as autoridades para combater e prevenir esse tipo de roubo, que não apenas impacta a infraestrutura das telecomunicações, mas também afeta diretamente a população, prejudicando a prestação de serviços essenciais em todo o país. A Prefeitura de São Paulo também está adotando medidas para coibir as ações criminosas, como a substituição de fiação de cobre por alumínio em pontos mais vulneráveis e a fiscalização rigorosa de ferros-velhos. A grave situação motivou a abertura de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo para discutir soluções legislativas que possam conter o problema.