Saneamento básico: quase 3 milhões de baianos não têm acesso à água potável
Já o atendimento de esgoto não alcança 8,7 milhões de pessoas no estado
Foto: Arquivo/Agência Brasil
Quase 3 milhões de baianos não têm acesso à água potável, o que corresponde a 19,03% da população do estado. É o que aponta o levantamento feito pelo Farol da Bahia, com os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de 2021, em que o produto adequado para consumo não atende 2.851.699 pessoas em 417 municípios da Bahia.
Já quando se analisa o esgotamento sanitário, a situação fica bem mais preocupante. Isso porque a cobertura é de apenas 41,36% em território baiano, o que significa que 8.787.370 pessoas não têm acesso a um sistema de esgoto.
Quando é levado em consideração apenas o perímetro urbano, o atendimento de água potável chega a quase 100%. Ao todo, 14.739.525 baianos (98,36%) têm acesso ao produto próprio para consumo nestas áreas.
Já o atendimento urbano de esgoto abarca apenas pouco mais da metade da população baiana, alcançando 8.177.469 pessoas (54,57%). Outros 6.807.814 residentes do estado não têm acesso a este serviço.
A maior porcentagem para ambos os quesitos é na capital Salvador. Na cidade, 98,83% da população tem acesso à água potável. Já o atendimento de esgoto chega a 88,36% dos moradores, deixando 337.597 sem o serviço.
Brasil e Marco do Saneamento
Em todo o país, são mais de 33 milhões de brasileiros sem acesso à água potável, ainda segundo os dados do SNIS de 2021. O número corresponde a 15,8% da população.
Já o atendimento de esgoto não chega a quase 100 milhões de pessoas, o que representa 44,2% do contingente populacional brasileiro.
Os números apontam que o país ainda está distante das metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado em 15 de julho de 2020. O objetivo é atender 99% da população com o serviço de água potável e ao menos 90% com coleta e tratamento de esgoto até 2033.
Em estudo publicado no dia 12 de julho, em parceria com a GO Associados, o Instituto Trata Brasil apontou que “há um longo caminho entre o atual patamar dos indicadores de atendimento e aqueles previstos no Novo Marco Legal do Saneamento Básico”.
Para alcançar a meta, o investimento teria mais do que dobrar até dezembro de 2023. Nos últimos cinco anos, a média anual de recursos utilizados no saneamento básico foi de R$ 20 milhões. Para chegar ao patamar estabelecido como ideal, no entanto, seria preciso destinar R$ 44,8 bilhões por ano, segundo o Trata Brasil.
“É urgente a busca de soluções eficientes e que considerem a realidade de cada região, para que haja o aumento no volume de investimentos e a geração de obras que levem ao abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto para toda a população. Este foi o compromisso que o país assumiu para com a sociedade, de universalização dos serviços até o ano de 2033. Cabe, portanto, a todos os prefeitos e governadores encaminharem soluções que façam deste compromisso uma realidade”, pontuou a presidente do instituto, Luana Siewert Pretto, na pesquisa.
Mundo
Também neste mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo levantamento sobre saneamento básico em todo o planeta. De acordo com o estudo, o acesso à água potável e segura para consumo, saneamento e higiene (Wash, na sigla em inglês) ainda é escasso para metade da população mundial.
O mapeamento concluiu que um serviço adequado nesta área poderia ter evitado ao menos 1,4 milhão de mortes e 74 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade.
“Com os crescentes riscos de saúde relacionados com Wash já vistos hoje através de conflitos, o surgimento de resistência antimicrobiana, o ressurgimento de focos de cólera e as ameaças de longo prazo das mudanças climáticas, o imperativo de investir é mais forte do que nunca”, disse diretora do departamento de Meio Ambiente, Mudança Climática e Saúde da OMS, Maria Neira em comunicado. “Vimos melhorias nos níveis de serviço de Wash nos últimos 10 anos, mas o progresso é desigual e insuficiente”, completou ela.