Serasa Experian: cresce o número de pessoas que conseguem quitar débitos
Estatística representa um crescimento de 1,7 ponto percentual em relação ao mesmo mês do ano passado
Foto: Reprodução/Istock/ilustrativa
O Indicador de Recuperação de Crédito, elaborado pela Serasa Experian, revela que do total de dívidas de consumidores brasileiros negativadas em julho, 59,2% foram regularizadas ou renegociadas em 60 dias, ou seja, até o fim de setembro. Essa estatística representa um crescimento de 1,7 ponto percentual em relação ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu 57,5%. Os dados foram divulgados com exclusividade pelo Metrópoles.
O estudo considera o número de dívidas negativadas em um determinado mês, que foram posteriormente negociadas ou quitadas nos 60 dias seguintes, e não se refere ao estoque total de débitos em atraso no Brasil. Atualmente, cerca de 71,8 milhões de brasileiros estão inadimplentes, totalizando aproximadamente 250 milhões de boletos em atraso no país.
De acordo com o levantamento, desde novembro de 2022, o grupo de pessoas físicas que conseguiu renegociar ou quitar dívidas esteve acima da marca de 60%. Em abril, alcançou 64,5%, caindo para 61,7% em junho e chegando a 59,2% em julho. Embora os números tenham uma tendência de queda, todos foram superiores aos registrados nos mesmos meses do ano passado. O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, destaca que "isso revela que o grau de regularização das dívidas está maior neste ano do que foi em 2022".
Rabi ressalta que o indicador é fortemente influenciado por fatores sazonais e afirma que "ao longo do ano, os meses são diferentes e não comparáveis em uma sequência". Portanto, a comparação relevante é sempre entre um mês e seu equivalente do ano anterior.
Em relação ao programa Desenrola Brasil, lançado pelo governo federal em 17 de julho para permitir a renegociação de dívidas por pessoas físicas, Rabi explica que o impacto no indicador da Serasa Experian não foi expressivo. Ele argumenta que "a recuperação de crédito por pessoas físicas é uma tendência que vem desde o início do ano, e fatores macroeconômicos como a redução da inflação, o aumento do emprego e, mais recentemente, a queda dos juros explicam o fenômeno mais do que qualquer iniciativa pontual como o Desenrola".
O levantamento também indica que em julho, as contas com valores entre R$ 500 a R$ 1 mil foram as mais renegociadas ou quitadas, representando 68% do total de pagamentos. Em seguida, vieram as dívidas entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, com 67,3%. As mais elevadas, acima de R$ 10 mil, tiveram um índice de 66,3% de acertos. Os débitos de valores entre médios e altos, de R$ 2 mil a R$ 10 mil, ficaram por último, com 51,7% dos pagamentos. Apenas 56,3% dos devedores com valores abaixo de R$ 500 resolveram a situação.
Quanto à divisão por setores, o segmento formado por bancos e cartões foi o mais focado pelos consumidores. Do total de contas negativadas nessa área, 73,2% foram pagas ou renegociadas. Em seguida, veio o varejo, com 55,9%. Os serviços de telefonia foram os que receberam o menor volume de pagamentos, com 8,6%.
Ao analisar as regiões, o Nordeste liderou o ranking, com 66,5% das dívidas sanadas em julho, seguido pelo Sul (65,8%), Centro-Oeste (61,0%), Norte (59,6%) e Sudeste (53,8%). No detalhamento por estado, a Bahia destacou-se com 70,2% das contas no vermelho regularizadas, seguida pelo Rio Grande do Sul, com 68,7%. São Paulo (49,3%), Roraima (49,1%) e Distrito Federal (48,8%) ocuparam as três últimas posições dessa lista.