Sobrepreço é identificado em obras em Alagoas encomendadas por Arthur Lira feitas, aponta CGU

A Controladoria-Geral da União (CGU) detectou um sobrepreço em contratos de obras de pavimentação da Companhia de Desenvolvimento do Vale do Francisco (Codevasf) em Alagoas, sob financiamento de verbas do orçamento secreto e emendas impositivas enviadas ao estado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

Como mostra o relatório do órgão de fiscalização, os contratos de R$ 30,2 milhões concedidos pela estatal em 2019 e 2020 para o calçamento com paralelepípedos de ruas em 34 municípios de Alagoas tiveram um sobrepreço de R$ 4,3 milhões. Uma das cidades em que a obra foi realizada, Barra de São Miguel, é administrada por Benedito Lira, pai do presidente da Câmara.

Em contrato analisado pela CGU, no valor de R$ 17,7 milhões, foi verificado verba do orçamento secreto direcionada por Lira. Outro, na quantia de R$ 10,9 milhões, foi viabilizado com emendas impositivas do presidente da Câmara e de Givago Tenório, que foi suplente no Senado de Benedito Lira.

Os contratos examinados pela CGU foram assinados pelo então superintendente interino da Codevasf Ricardo Alexandre Lisboa Vieira, que assumiu o cargo no fim de 2019 por indicação do presidente da Câmara.

Lisboa permaneceu na estatal em Alagoas até 1 de abril de 2021, quando João José Pereira Filho, conhecido como Joãozinho, primo de Lira, assumiu definitivamente a presidência da companhia no estado. Ele administrou um caixa turbinado por R$ 83,9 milhões de emendas do relator apadrinhadas pelo presidente da Câmara. Esses recursos foram utilizados para financiar obras em diversas prefeituras governadas por aliados a Lira.