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Sócio de laboratório que infectou seis pessoas com HIV, é preso

Matheus Vieira, o pai Walter Vieira, e quatro funcionários viraram réus

Por Da Redação
Ás

Sócio de laboratório que infectou seis pessoas com HIV, é preso

Foto: Reprodução/GloboNews

Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio do PCS Lab Saleme, foi preso na manhã desta quarta-feira (23). Ele era o único investigado ainda solto no caso dos transplantes de órgãos infectados com HIV. 

A Justiça determinou a prisão de Matheus na terça-feira (22). Ele se apresentou na delegacia, por volta das 8h30, com o advogado, mas encontraram a delegacia fechada e foram embora de carro. 15 minutos depois Matheus retornou e enfim foi preso.

Segundo a Delegacia do Consumidor (Decon), agentes em diferentes equipes estavam na rua desde antes das 6h para cumprir o mandado de prisão contra Matheus. O advogado Afonso Destri, informou que vai entrar com um pedido de habeas corpus.

Em depoimento à Polícia, a técnica em análises clínicas Jaqueline Iris Bacellar, acusada de assinar um dos exames de sangue com falso negativo para HIV, afirmou que o setor de TI do laboratório, controlado por Matheus Vieira, tinha acesso a todos os logins e senhas, o que possibilitava a adulteração de resultados e assinaturas.

Matheus Vieira é primo do ex-secretário estadual de Saúde, Doutor Luizinho, que ocupava o cargo à época do processo de licitação entre o laboratório e a Fundação Saúde, empresa pública do Rio vinculada à secretaria.

O sócio do laboratório está entre os seis denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro na terça. A juíza Aline Abreu Pessanha, da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, aceitou a denúncia e todos viraram réus. Os seis estão presos e forma identificados como: Jacqueline Iris Barcellar de Assis, funcionária; Walter Vieira, sócio e pai de Matheus; Ivanilson Fernandes dos Santos, funcionário; Cleber de Olveira Santos, funcionário; Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora, além de Matheus.

Os denunciados respondem por associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica. Além desses crimes, Jacqueline responde também por falsificação de documento particular.

O relatório de inspeção da Vigilância Sanitária constatou 39 irregularidades, entre elas a presença de sujeira, de insetos mortos e formigas em todas as bancadas do laboratório.

A defesa de Matheus chegou a dizer na terça que o pedido de prisão foi "arbitrário", uma vez que ele tem colaborado com as investigações. “Análise preliminar do HemoRio apontou resultado negativo para HIV em todas as 286 amostras de sangue de doadores de órgãos que foram retestadas. Isso comprova que os dois laudos errados foram episódios pontuais, porém graves, causados por falha humana”, disse em nota.

Entenda o caso

Seis pacientes que estavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV e, posteriormente, testaram positivo para a doença.

A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o ocorrido como "inadmissível" e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes. 

O Ministério da Saúde acompanha o caso e ordenou a instauração de uma auditoria para investigar o sistema de transplantes no Rio de Janeiro e verificar possíveis irregularidades na contratação do laboratório responsável pelos exames.

Após o caso, todos os membros da diretoria da Fundação Saúde foram exonerados.

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