Tarifaço de Trump: erro em fórmula da Casa Branca faz países serem taxados em 4 vezes mais, diz grupo economista
A Casa Branca utilizou um valor de φ (phi) igual a 0,25, quando, na verdade, ele deveria ser de 0,945

Foto: Reprodução/USTradeRepresentative
O cálculo das "tarifas recíprocas" aplicadas pelo governo Trump a produtos de outros países contém uma falha grave, responsável por aumentar em até quatro vezes o valor da taxa a se pagar, segundo um grupo de economistas.
A fórmula divide o déficit comercial dos Estados Unidos com um país pelo valor das importações provenientes desse país. Os economistas Kevin Corinth e Stan Veuger, do American Enterprise Institute (AEI), afirmam que a fórmula empregou um valor incorreto para uma das variáveis.
Segundo eles, a Casa Branca utilizou um valor de φ (phi) igual a 0,25, quando, na verdade, ele deveria ser de 0,945. O valor do governo, segundo os economistas, refere-se ao valor final dos produtos no varejo - quando, na verdade, ele deveria ter sido calculado com base nos preços de importação.
No artigo divulgado pelo AEI, eles afirmaram que a fórmula não tem fundamento nem teoria econômica nem na lei comercial. "Mas, se fingirmos que é uma base sólida para a política comercial dos EUA, deveríamos pelo menos esperar que os funcionários da Casa Branca farão seus cálculos cuidadosamente".
Ao corrigir o erro da Administração Trump, segundo Corinth e Veuger, reduziria as tarifas aplicadas a cada país aos Estado Unidos para cerca de um quarto de o seu nível declarado e, "como resultado, cortaria as tarifas anunciadas pelo Presidente Trump na quarta-feira na mesma fração, sujeitas ao piso tarifário de 10%".
Por exemplo, as tarifas aplicadas ao Vietnã, por exemplo, caíram de 46% para 12,2%. As aplicadas a Lesotho, um pequeno país no sul da África que praticamente só exporta diamantes para os EUA, caíram de 50% para 13,2%.
Ainda segundo a análise dos economistas, a Casa Branca afirma ter se baseado nos estudos do economista da Havard Business Schooll Alberto Cavallo. O próprio Cavallo discorda da fórmula: "Com base em nossa pesquisa, a elasticidade dos preços de importação em relação às tarifas é mais próxima de 1. Se esse valor fosse usado em vez de 0,25, as tarifas recíprocas implícitas seriam cerca de quatro vezes menores", escreveu Cavallo em uma rede social.
Os economistas também disseram que o problema não se resume aos cálculos. "O déficit comercial com um determinado país não é determinado apenas por tarifas e barreiras comerciais não tarifárias, mas também por fluxos internacionais de capital, cadeias de suprimentos, vantagem comparativa, geografia, etc."