Taxa de ineficiência dos gastos públicos custa quase R$ 2 trilhões do Brasil, diz estudo
Apesar do número ser alto, entrega o mesmo nível que outros países com taxas menores
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Entre os países de renda média alta, o Brasil tem o pior desempenho na questão da gestão pública. “Isso quer dizer que o governo brasileiro funciona de forma menos eficiente do que todos os outros que fazem parte da sua categoria ou estão acima dele”, diz Humberto Martins, professor da Fundação Dom Cabral (FDC). As informações são do site Metrópoles.
De acordo com Martins, a consequência disso é que o país gasta 20% (cerca de R$ 2 trilhões) a mais que a média dos países do mesmo grupo de renda. "Esse é um número escandaloso. Significa que a nossa taxa de ineficiência é de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Imagine o que faríamos se tivéssemos esse dinheiro a mais para gastar com alguma eficácia. Seria possível, logo de cara, resolver os problemas da educação e da saúde, por exemplo.”
A análise foi feita a partir da elaboração de um novo indicador, o Índice de Capacidade Institucional (ICI), criado pela Fundação Dom Cabral. O objetivo é aferir a competência de um governo em produzir desenvolvimento e proporcionais bem-estar aos cidadãos.
Outra conclusão abordada pelo professor, é que o modelo de "recursos + alinhamento" não vai ser solução do problema de desenvolvimento e bem-estar social do Brasil. “Os políticos pensam que podem resolver tudo com dinheiro e uma base alinhada”, diz Martins. “Isso não é verdade. Mesmo que nessas condições, o padrão disfuncional da gestão pública vai consumir as verbas e não entregará bons resultados.”
Segundo Martins, uma das frentes para mudar o quadro, é focar na gestão de pessoas e superar uma série de limitações, como o modelo dos concursos públicos.
“Hoje, eles medem só o conhecimento dos candidatos, mas precisam ser feitos para avaliar e atrair aqueles que têm vocação para o setor”, diz. “Dificilmente, uma pessoa não vocacionada terá energia para desempenhar um bom trabalho na área pública.”
Há ainda a questão da estrutura das carreiras. “A diferença entre os valores dos salários de entrada e saída é muito pequena e isso desestimula a progressão”, afirma. “É preciso incentivar o melhor desempenho e o empreendedorismo. Hoje, os avanços de um profissional no setor público são definidos pelo tempo de serviço.”
Ainda de acordo com ele, o outro entrave é a disparidade de salários. Para Martins, as carreiras jurídicas são sobrepagas, mas as áreas de educação, saúde e meio ambiente contam com mal remuneração e falta de pessoal.