TCU vai apurar aplicações da Previ e viagens de presidente do fundo de pensão
Corte adotará medida diante de “atos de gestão no mínimo suspeitos”
Foto: TCU/Divulgação
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta-feira (9) iniciar uma auditoria para apurar aparentes irregularidades constatadas na gestão da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ).
Estão na mira da corte “atos de gestão no mínimo suspeitos”, de acordo com o relator do processo, ministro Walton Alencar Rodrigues.
No voto, o ministro declarou que a auditoria deve examinar “a legalidade e legitimidade” dos procedimentos da Previ em aplicações e desinvestimentos relevantes.
O relator declara também que a área técnica deve investigar se a manutenção do investimento na Vale “tem também por objeto proporcionar ao sr. [João] Fukunaga [presidente da Previ] assento no conselho e a extraordinária remuneração de mais de R$ 2 milhões de reais por ano, condição milionária que poderia ser perdida com a redução da participação da Previ na Vale”.
Entre as ações a serem apuradas, está a obtenção de ações da distribuidora de combustíveis Vibra (antes, BR Distribuidora) em momento de aumento no preço dos papéis. Segundo Rodrigues, a lógica econômica seria a aquisição no período em que as ações estivessem em baixa.
O relator ainda salienta a apuração das viagens do presidente da Previ, João Fukunaga, “em íntima confraternização com notórios negociantes do mercado”.
“Tal fato deve ser objeto de amplo escrutínio porque está a revelar a proximidade da alta direção da Previ com pessoas de fora da Previ bastante conhecidas pelos métodos não ortodoxos de atuação nos vários setores da administração pública”, afirmou.
Rodrigues votou para que as despesas das viagens sejam apuradas pela auditoria. “Refiro-me a quem, nas viagens realizadas, efetivamente pagou as contas e despesas do presidente da Previ”, disse.
Fiscalização da Previ
O TCU está observando a Previ desde o momento da nomeação de João Fukunaga para assumir a função de presidente do fundo de pensão. Ele é servidor do Banco do Brasil, historiador e sindicalista.
Os ministros do TCU examinaram a nomeação depois da representação do deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC), que foi descartada depois.
No entanto, o plenário optou por iniciar um levantamento para examinar a governança da Previ e localizar “possíveis influências políticas”.
