Cultura

Tradição: porque comemos peru na ceia de Natal?

Entenda como a ave se tornou símbolo da comemoração

Por Iago Bacelar
Ás

 Tradição: porque comemos peru na ceia de Natal?

Foto: Reprodução

As festas de fim de ano estão chegando e, com elas, a tão esperada ceia natalina. Nessa ocasião é comum ver, nos lares, uma mesa farta com diversas comidas típicas do evento, mas sempre temos um prato que é o grande destaque do momento: o peru. A carne da ave é o centro dos jantares tradicionais das festas de dezembro em muitos lugares no mundo, mas nem sempre foi assim.

Foto: Pixabay

Há alguns séculos atrás, até mesmo as ceias mais fartas da realeza não continham esse prato. Muito distante disso, na Europa da Idade Média, elas eram repletas de carnes de boi e porco e tinham como prato principal a cabeça de javali curada em uma conserva e servida com uma maçã na boca. Apesar de historiadores concordarem que as primeiras comemorações natalinas foram realizadas na Europa, mas especificamente em Roma, não é de lá que a ave é típica.

Então, de onde surgiu a tradição do peru de Natal?

Tudo começou com os índios norte-americanos, que criavam o peru em suas aldeias. A ave sempre era servida em oferendas, pois era considerada um símbolo de fartura, devido ao fato de ser uma ave grande e que poderia alimentar muitas pessoas. Na Europa, o peru ainda era um animal exótico e raro, até que os europeus vieram até as américas para colonização e conheceram a ave no México, transformando-a na substituta perfeita para a carne de ganso e cisne que os ingleses comiam.

Foto: Pixabay 

Os animais diferentes, pescoçudos e enormes chamaram atenção e foram rapidamente introduzidos na cultura local, tornando-se um sucesso entre os nobres, como o Rei Henrique VIII, que passou a ter o prato em suas ceias. Ter um peru na mesa virou, na época, um símbolo de status importante. Entretanto, os preços da ave não contribuíam para sua popularização.

Já na América do Norte, a ave atingia a idade adulta no outono, se tornando, dessa forma, o principal símbolo do “Thanksgiving”, o Dia de Ação de Graças (23/11), também conhecido como “Turkey Day” (ou dia do peru), nos Estados Unidos. Apesar disso, o animal só começou a ser consumido nas ceias de Natal do mundo todo, inclusive no Brasil, no século 20.

No Brasil, em meados de 1930, os perus passaram a ter preços mais acessíveis para as pessoas comuns. Dessa forma, nos anos 30 eles superaram outros tipos de carne, e tornaram-se o prato principal entre os assados típicos do Natal. Dependendo da situação financeira das famílias, esta ceia, além do peru assado, pode ter diversos outros pratos como salpicão, outras saladas, ostras, arroz à grega, pernil de porco, frutas, panetone, castanhas, nozes e bolos. 

No entanto, na ceia, o prato principal deve ser o assado pois, segundo Levi-Strauss, antropólogo francês, sempre que o menu inclui um prato de carne assada será dado a ele um lugar de honra no centro da refeição. Portanto, num momento de demonstração de abundância, e mesmo de desperdício, o assado recebe um status superior em relação ao cozido. 

Segundo o nutricionista clínico e esportivo, Lucas Valois (@lucas_valois), o peru é uma ave de boas carnes, que você consegue, facilmente, dispor de alimento para todos. O prato também tem um ótimo valor biológico, já que é de base proteica e tem um fator nutricional de boa absorção. 

Em comparação a uma carne vermelha, por exemplo, a carne branca da ave é mais saudável, por que a vermelha tem mais teor de colesterol. Além disso o peru é uma carne que não possui fatores hormonais. Portanto, em questão de "digestibilidade", a molécula de proteína do peru é mais fácil de absorver.

Ao ser questionado se há algum risco na ingestão da ave, Lucas informa que, "Seu fator de risco é baixo já que o prato não é frito, e sim assado. A dica que eu dou é comer a quantidade que você tolera, não é porque é um momento de confraternização que você vai expandir o seu fator gastrônomico. O ideal é que você não saia entupido, entupido não significa nutrido".

"O melhor corte é o peito do peru, a parte mais nobre. Principalmente a partir da terceira fatia. Quanto mais longe da pele, menos gordura você ingere", conclui dando mais dicas.

O peru natalino tem significado? 

Baseado na tradição dos índios norte-americanos, o peru é considerado símbolo de fartura por ser uma ave grande, com muita carne, capaz de alimentar muitas pessoas de uma mesma família. Por conta disso ela representa a riqueza de uma mesa farta e as conquistas ao longo do ano. 

O peru também é servido em novembro, no feriado do Dia Ação de Graças, nos Estados Unidos, no qual se agradece pelos bons momentos do ano e pela família reunida. Por esse motivo o prato natalino também se tornou símbolo de agradecimento pelo o que se tem.

Foto: Pixabay

Vamos conhecer uma receita clássica para o peru natalino? 

Comemore seu Natal com uma deliciosa receita de peru natalino que serve até 20 pessoas. Esta é uma clássica receita de Natal e, também, uma oportunidade de saborear um prato tradicional e saboroso. 

Vamos ao ingredientes: 

- 1 peru de 4 a 5kg;
- 1 lata de cerveja; 
- 3 dentes de alho; 
- 1 cebola grande; 
- 1 colher de chá de açafrão;
- 4 colheres de sopa de óleo. 

Modo de preparo: 

- Descongele o peru com um dia de antecedência;
- Bata, no liquidificador, a cebola, o alho e o óleo;
- Junte a cerveja e o açafrão;
- Tempere o peru, deixando-o marinando por 5 horas;
- Leve ao forno (180° graus), coberto com papel alumínio por cerca de 2 horas;
- Retire o papel alumínio e aumente a temperatura do forno até corar.

Agora você já sabe preparar seu peru de Natal, é só aproveitar e se deliciar! 

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