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Vídeo: ativista denuncia máfia de prótese e desde então é ameaçada

Hélia Braga já levou o caso ao Cremeb e CFM

Por Da Redação
Ás

Vídeo: ativista denuncia máfia de prótese e desde então é ameaçada

Foto: Reprodução

Hélia Braga, ativista de direitos humanos e pelo fim da violência contra mulheres e crianças, relatou ao Farol da Bahia que descobriu, em 2014, que o ex-companheiro dela estava envolvido com a máfia das próteses, um esquema criminoso que consiste no recebimento de comissão indevida por parte de médicos, que segundo a ativista pertencem tanto ao Sistema Único de Saúde (SUS) quando a redes privadas de saúde, sobre materiais usados em cirurgias de próteses. A prática tem o objetivo de lucrar sobre o preço desses implantes.  

Desde de quando descobriu o esquema fraudulento, Hélia afirma que vem sofrendo ameaças. Na época, ela morava em Salvador, na Bahia, e depois de as pessoas envolvidas no esquema tentarem a enquadrar como louca, ameaçando até interná-la em um hospital psiquiátrico, para fazer com que a denúncia perdesse a credibilidade, ela mudou para Brasília. 

“Eu descobri planilhas que detalham recebimento de comissões sobre material cirúrgico de ortopedia. Nestas planilhas geralmente vem o nome do médico, em alguns casos descrito como gerente de marketing e a comissão como taxa de marketing. Além disso, o documento mostra o nome do médico, paciente, hospital, material e os valores. Em poucos recibos, entretanto, encontrei o nome da empresa ou do representante. E os médicos envolvidos nesse esquema fizeram anotações de próprio punho nas planilhas, calculando a divisão do valor com o segundo cirurgião”, explicou.

“Encontrei tudo na minha casa. Estavam em caixas e malas amassados em bolinha de papel, provavelmente se eu não tivesse encontrado teriam sido destruídos. Junto encontrei ainda um pedido de cirurgia e fitas de bolo de dinheiro com o código de barras dos bancos.  Encontrei tudo em 2014 e comecei a ser ameaçada depois que xeroquei e questionei ao dono da papelada do que se tratava, pois fui casada com comunhão parcial de bens e não sabia até onde isso poderia respingar em mim”, disse.  

“Desde 2014 a minha vida virou um inferno. Eu até registrei em cartório duas declarações sobre o que estava passando e deixei com amigos e familiares caso me acontecesse algo. Quando começaram a pedir a minha internação compulsória em uma audiência de conciliação da vara de família, me alertei e me organizei para sair de Salvador antes que conseguissem”, completou.

Hélia contou ainda que, em janeiro de 2018, ela entregou todos os documentos originais sobre a fraude ao Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (GAECO). “Ajustei tudo para sair de Salvador. Antes de vir para Brasília, em 2018,  entreguei tudo que tinha ao GAECO da Bahia e cópias autenticadas à Polícia Federal da Bahia. Deste então a minha vida virou um inferno, são várias acusações falsas e processos contra mim”, afirmou.

No ano passado, a ativista denunciou todo esquema ao Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), mas até hoje não recebeu nenhum posicionamento da entidade. Nesta quinta-feira (29), Hélia Braga levou o caso ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e aguarda que as medidas necessárias sejam tomadas. “Eu tenho documentos que comprovam tudo. Documentos, inclusive, que tem a letra deles. Eu tornei tudo público e o judiciário não me deu nenhuma ajuda, eu pedi socorro diversas vezes. Eu não sou doida. Os documentos provam tudo, não preciso nem falar", diz Hélia.

Máfia das próteses

Em 2015, uma matéria exclusiva do programa Fantástico, da TV Globo,  revelou um retrato escandaloso do que acontece dentro de alguns consultórios e hospitais do Brasil. A reportagem investigou, durante três meses, um esquema que transforma a saúde do país em um “balcão de negócios''. Ao denunciar o esquema de máfia de próteses, o Fantástico explicou que as cirurgias desnecessárias são feitas, só para ganhar mais. E, além disso, apontou que o esquema movimenta anualmente cerca de R$ 12 bilhões no Brasil.

Hélia se mostra inconformada com a situação e, após levar o caso ao CFM, espera que uma providência seja tomada contra os envolvidos. “Quem garante que esses médicos não operaram que não precisava? Quem garante que nessas cirurgias não foram usados mais materiais do que deveriam somente para garantir maiores ganhos? Eu acho que além do crime de recebimento ilícito em cima do SUS, tem esse risco de médicos terem operado quem não precisava. Tenho certeza que para o CFM não é nenhuma dificuldade ter acesso aos prontuários desses pacientes para analisar se as cirurgias realizadas foram necessárias ou não. Isso precisa ser analisado, principalmente porque envolve vidas. Esses médicos operam pessoas, isso precisa ser averiguado”, disse. “O crime prescreve no judiciário, mas a dignidade da classe médica prescreve? E a ética médica? É essa a postura do Cremeb? A população precisa se alertar”, concluiu. 

Helia Braga disponibilizou ao Farol da da Bahia a cópia de todos os documentos que foram enviados para as entidades envolvidas. Até o fim desta matéria, nenhum órgão se pronunciou sobre o caso. 

 
 

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