Vídeo: Na Câmara, Feliciano diz a Anielle que é preciso combater racismo reverso no Brasil
Ao Farol da Bahia, deputado aponta que pessoas brancas também sofrem racismo no país
Foto: Farol da Bahia | Renato Araújo/Câmara dos Deputados
BRASÍLIA -- O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) disse, nesta quarta-feira (3), que também é necessário combater o racismo reverso no Brasil. A declaração foi dada ao Farol da Bahia durante audiência com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, na Câmara.
"Eu perguntei para a ministra se existe o tal do racismo reverso, e ela disse que isso não existe, só existe racismo quando é negro. Mas ela é ministra de uma pasta que cuida da questão racial, e não está escrito lá raça negra. E as pessoas brancas que sofreram racismo no Brasil?", questionou o deputado.
Durante a fala, Feliciano lembrou da assessora Marcelle Decothé da Silva, que foi exonerada do Ministério da Igualdade Racial, em 2023, depois de uma postagem negativa sobre a torcida do São Paulo: “Torcida branca que não canta, descendente de europeu safade", escreveu Marcelle no seu perfil pessoal do Instagram.
Para Feliciano, a atitude da ex-assessora especial do ministério seria racista. "Eu dei o exemplo da chefe de gabinete dela, uma moça que trabalhou lá e chamou toda a torcida do São Paulo de europeus safados. Quando um negro fala isso de um branco é o quê? Para a ministra, não é racismo. Tem uma coisa muito esquisita acontecendo no nosso país", declarou o parlamentar.
Quando Março Feliciano questionou a ministra sobre racismo reverso durante a audiência na Câmara, Anielle reforçou que o racismo atinge especificamente pessoas negras, mas ressaltou que o ministério combate todo tipo de violência, independente da raça.
"Não existe racismo reverso. Não existe porque o racismo é fruto de algo que é anti-negro. Eu sei que o senhor já falou aqui das suas qualificações de ser professor, teólogo, enfim, mas quando a gente fala de algo que é estrutural e institucional, a gente fala de um determinado conceito que atinge especificamente pessoas negras", disse a ministra.
Ao final da audiência, o Farol da Bahia tentou contato com Anielle, mas ela foi embora sem falar com a imprensa.
Distribuição de recursos no Rio Grande do Sul
A ministra Anielle foi convidada para comparecer a audiência na Câmara fala falar dos gastos da pasta e das ações realizadas no Rio Grande do Sul em razão das enchentes.
No requerimento que solicitava a presença da ministra, os deputados Kim Kataguiri (União-SP) e Hélio Lopes (PL-RJ) acusaram o ministério de ter priorizado alguns grupos sociais, como ciganos e quilombolas, na distribuição de auxílios emergenciais.
Para Marco Feliciano, Anielle não teria explicado como foi feita a distribuição de recursos para o estado gaúcho e o motivo do favorecimento de alguns grupos sociais. "A ministra, logo que aconteceu aquele problema no Rio Grande do Sul, aquela tragédia, ela postou no Twitter dizendo que eles iriam até o Rio Grande do Sul para cuidar das comunidades que sofreram mais, que eram os quilombolas e os ciganos. Eu fiz a ela uma pergunta: das cerca de 180 pessoas que morreram, quantas eram negras, quantas eram ciganas, e ela não conseguiu responder. Ou seja, eles falam uma coisa e fazem outra. Eles conseguem transformar caixões em palanques de discurso, essa é a esquerda", disse.
Leilão de arroz
O deputado ainda comentou o cancelamento do leilão de arroz pelo governo federal. Segundo ele, há indícios de corrupção na realização do certame.
"Novamente, mais uma vez, o Brasil acordando, a internet agora é aliada nossa também, às vezes ela traz prejuízo, mas ela tem trazido para nós alguns benefícios, como a questão do leilão do arroz, que já está comprovadamente, com denúncias de pessoas que estavam lá dentro, que houve uma malversação, se não do dinheiro público, porque não envolveu dinheiro, do pensamento ou cheiro de corrupção. Minha velha mãe dizia assim: que onde tem fumaça, tem fogo", acusou.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) suspendeu o leilão do arroz por tempo indeterminado e negocia com o agronegócio um acordo para controlar os preços do produto. O certame foi duramente criticado pela oposição ao governo e pelo agro.
Assista declaração: