Vídeo: "Omissão" de Daniela Borges representa apoio ao agressor, afirma Ana Patrícia sobre caso Bruna Hollanda
Bruna Hollanda denunciou ter sido estuprada por colega de profissão e acusou OAB/SE de omissão
Foto: Divulgação
A ex-vice-presidente da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA), entre 2016 e 2021, Ana Patrícia Dantas, criticou, a falta de posicionamento da presidente da OAB-BA, Daniela Borges, sobre o caso de estupro da advogada Bruna Hollanda. Segundo ela, a “omissão” da presidente significa apoio ao “agressor” de Bruna.
“A violência não tem fronteira. Esse não é um crime e nem um problema que interessa somente a OAB de Sergipe, interessa a todas as seccionais do Brasil, interessa ao Brasil, interessa a nossa sociedade. Aqui na Bahia somos presididas por uma mulher, estamos aguardando a presidente Daniele Borges a sua posição, a sua omissão significa acolhimento, apoio ao agressor de Bruna Holanda,” afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.
Na última terça-feira (19), a advogada Bruna Hollanda denunciou ter sido estuprada por um amigo e colega de profissão e apontou que a Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe (OAB-SE) foi omissa e não prestou assistência. Isso ocorreu, segundo ela, porque o presidente da seccional sergipana da OAB, Danniel Alves Costa, é amigo íntimo do estuprador Ricardo Almeida.
Ao Farol da Bahia, Ana Patrícia Dantas afirmou, nesta segunda-feira (25), que o combate a violência de gênero é um desafio diário e que o caso Bruna Hollanda deve ser analisado a partir da “de um crime ocorrido envolvendo membros da mais alta cúpula da advocacia e da OAB sergipana”.
Ana ressaltou ainda que atividades desenvolvidas pela ordem dão a “impressão” de que existe um fortalecimento no combate contra a violência contra mulher, mas que casos como o de Bruna acabam mostrando o contrário.
“A realização de "festival", Conferência Estadual da Mulher Advogada lança luzes à epidemia da violência contra a mulher, até nos dá uma impressão de fortalecimento e união, mas basta um caso como o de Bruna Holanda para constatarmos que apenas discursos não alteram realidades".
Ana também explicou o motivo de acreditar que o advogado Ricardo Almeida pode ser culpado pelo crime do qual Bruna o acusa.
"Por que o caso de Bruna Holanda? Porque se trata de uma advogada que se atreveu a acusar de estupro um dos advogados mais importantes daquele estado, sócio do presidente da OAB/SE, e ao assim agir, em lugar de acolhimento e proteção, recebeu o peso insuportável do silencio sufocante e dilacerante de colegas e das autoridades que deveriam, por imperativo do dever de lealdade, defendê-la,” declarou.
A advogada aponta que a advocacia brasileira não pode permitir que “tal episódio hediondo” não seja punido.
“De ordinário tem sido assim, os homens sempre acham recurso a uma rede de proteção – os desonestos, os imorais, eles se protegem -, mas a advocacia brasileira é que não pode guardar silêncio, não pode permitir que tal episódio hediondo seja escondido, sem rigorosa e pronta punição, com a exclusão do sujeito indigno de seus quadros. Nossa classe é formada por mulheres e homens de muito valor, somos a grande maioria, por isso não podemos silenciar diante dos indecentes e bárbaros,” ressaltou.
“Desta forma, espera-se ações firmes e efetivas de qualquer dirigente da Ordem, que por representar a classe, deve combater a violência de gênero de forma veemente e atuante e não com discursos e palestras. Precisamos de fato, de proteção,” completou.
O Farol da Bahia entrou em contato com a OAB-BA para que se posicionasse sobre o caso diante do questionamento feito por Ana Patrícia de que com uma mulher na presidência, seria importante uma colocação da Ordem, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno. O espaço permanece aberto caso o órgão queira se manifestar.
Confira abaixo a declaração de Ana Patrícia Dantas: