As religiões, especialmente as cristãs, por assim dizer, são os fundamentos do senso comum, que alicerçam o pensamento da civilização ocidental. Perdurou por mais de dois milênios, entre trancos e barrancos. Derivou em crenças mal sucedidas, sofreu críticas dos seus muitos reformadores, dividiu-se, enfim, em variadas denominações cristãs e ritos reformados.
Porém, no Ocidente plantou suas raízes e nela vicejaram seus ricos ensinamentos. De todos os monoteísmos que proliferaram desde os ensinamentos judaicos ao tardio século V muçulmano, a cultura cristã propiciou que nela vicejassem, em meios às guerras e o sofrimento humano, as ideias que moldaram a nossa civilização.
Criadas pela inteligência grega do mundo clássico, as Olimpíadas guardaram para o século XXI o espetáculo deprimente de uma civilização moribunda. Santa Ceia ou o Banquete de Dionísio a França decadente pretendeu desferir um golpe mortal no coração de uma cultura, que é o sustentáculo moral do mundo comum em que habitamos.
Representando o que há de mais pérfido em sua cultura política multifacetada, o golpismo ideológico da aliança de anormais, a qual reverbera a dissolução civilizacional dos gêneros, das raças, dos sexos, dos idiomas não hesitou em exibir a sua sujeira. Os muitos ricos e a nova doença senil do esquerdismo, expuseram a degeneração desse pós-modernismo sem princípios e sem história.
O mundo, contudo e graças à rápida e concisa divulgação dos fatos, proferiu sua sentença à mais estúpida das aberturas desta festa universal, falada em todos os idiomas, exprimindo seu horror pelo rio fétido onde desfilaram as constrangidas delegações nacionais e o desprezo de todos à profanação dos valores em que todos acreditamos.
Sim, para ser cristão não é preciso ser religioso, nem escolher a fé em um Deus. Independente das culturas nacionais, somos um só povo, que vive como cristãos. Amamos ao próximo como a nós mesmos, não roubamos, não matamos, respeitamos nossos país, enfim, nos reunimos nos mesmos compromissos publicados nas tábuas de Moisés.
Não fosse o brilhantismo com que milhares de atletas competiram no espírito olímpico, a França, herdeira de tantas conquistas em favor da felicidade humana ao longo de sua História, teria boas razões para confessar os crimes que cometeu em sua sanha colonial, onde subjugou povos, ceifando a vida de muitos. Aqui vale relembrar a famosa sentença de Karl Marx: “os mortos que enterrem os seus mortos”!
As religiões tem sido as formas culturais e institucionais mais demonizadas pelos organismos internacionais, exatamente porque são obstáculos historicamente construídos capazes de erguerem barreiras ao totalitarismo e à extinção das Nações, tão ao gosto dos muitos ricos que dominam o panorama econômico mundial e ao velho comunismo renascido sob o conflito social dos identitarismos.
Essa tentativa de liberar o indivíduo de seu destino biológico, para as Igrejas nada tem a ver com direitos humanos, mas na verdade é uma tentativa de contrapor o conceito cristão de natureza, inviolável segundo a Igreja Católica, e que vem se transformando numa discussão concernente aos direitos humanos.
O humanismo se apresenta em nossos dias como se fora uma religião laica, dispensando o que as religiões verdadeiramente instituídas consideram um monopólio de sua própria configuração. Tal conflito “filosófico”, na verdade é a luta da Igreja por preservar o seu passado incólume e da elite econômica do mundo de reservar o seu lugar dominante no futuro.
Eugene Roccella e Lucetta Scaraffia, duas importantes estudiosas sobre o destino do cristianismo nesses tempos de contestação, lembram como este processo de sacralização dos direitos humanos “foi usado pelo filósofo francês Marcel Gauchet em um célebre ensaio, em que se põe em relevo como, depois da queda do regime soviético e, portanto, do triunfo da democracia, abriu-se uma nova crise de valores no interior deste sistema político, que o impulsionou a buscar um novo centro ético e novas motivações morais”.
Infelizmente, a própria Igreja não percebeu este abismo que se descortina entre ela e o mundo econômico e social à sua frente, conduzindo a autoridade papal à completa subserviência ao esquerdismo imoral e decadente.