Winston Churchill, sarcástico como sempre, dizia que “um fanático é uma pessoa que não pode mudar de opinião e que não muda de assunto”. O mundo está cheio deste tipo. O Brasil, em particular, é campeão neste esporte. É possível deparar-se com um fanático em cada esquina da vida.
O que é mesmo um fanático, senão um retardatário? Um indivíduo que perdeu o bonde da História. A história não tem bem querer, não espera por ninguém, especialmente por aqueles que já têm uma ideia formada por um monte de coisas!
Eles aparecem em enxurradas. São chatos e assertivos. Parecem que têm nosso senhor na barriga. Sabem tudo e vem sempre com o mesmo lenga-lenga!
Outro inglês, também muito inteligente, dessa vez com um humor típico dos britânicos, George Bernanrd Shaw, vem com essa pérola: “é impossível progredir sem mudanças e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada”. Entretanto, são até chamados de progressitas, comprometidos em criar uma nova sociedade com suas ideias envelhecidas e decadentes.
Mudar de ideias, sem abandonar princípios, realmente não é fácil. Faz pena abandonar seus castelos de cartas, derrubados pelos ventos da História. Fernand Braudel diz com grande sabedoria: “Vivemos uma nova época, por que não uma nova história?”.
Deus sabe quanto custa essa jornada mudancista. É necessário sabedoria e experiência acumuladas, leituras sobre os temas contemporâneos e humildade intelectual para chegar à metade da conclusão. E assim mesmo muitos não conseguem chegar ao fim da jornada, extraviados por tantos becos e falsos atalhos.
Entre esses atalhos, que ás vezes nos fascinam, estão as promessas mentirosas. É preciso sempre lembrar a advertência do famoso escritor espanhol, Francisco Quevedo, que nos adverte: “nadie ofrece tanto como el que no va a cumplir”.
Caminhei este caminho de Santiago de Compostela até chegar, com os pés feridos, à Igreja famosa, onde depositei a minha nova fé, seguro que com ela estava pronto para novos combates. O combate pelas liberdades, pelos valores perdidos e pelas tradições permanentes.
Ainda que esses novos desafios nos façam enfrentar problemas emergentes, tão novos quanto intrincados e difíceis, eles, afinal, expressam este novo cenário de triunfalismos falsos, é imprescindível recuperar os valores morais e humanos que estão destroçados.
Se articulam, numa mesma conjuntura, a intolerância, a estupidez e o fanatismo como fenômenos oriundos de uma concepção de sociedade fundada na divisão das pessoas humanas em seitas identitárias, de modo que basta enunciar sua seita que lhe direi de que cláusula é prisioneiro (a).
Para viver em paz e liberdade o ser humano busca encontrar o sentido da vida, como prega Victor Frankl que, sem negar as valiosas contribuições tanto de Freud (a vontade de prazer), quanto de Adler (a vontade de poder), identifica no homem a busca de sentido para vida. Entre outras coisas, é a busca de sentido que faz o homem se reconciliar com a História e é compreendo a sua dinâmica e as transformações detectadas no presente, que faz o ser humano atualizar-se e conceber as novas concepções e seu valor.
Para não dizer que não falei de brasileiros ilustres, veio-me a mente o que disse o sociólogo e poeta Rubens Alves: “Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”.