A culpa do machismo

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A culpa do machismo

No último dia 7 a Lei Maria da Penha completou 13 anos de sancionada, onde criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como a proposta de eliminação de todas as formas de discriminação contra ela, dando ainda outras providências nesta direção, em tentativa de frear este machismo estrutural brasileiro que insiste em prevalecer. Mesmo com este rompimento, ou pelo menos tentativa, de quebra de paradigma de aceitação, de tolerância à violência doméstica que sempre existiu, era e ainda é, escondida. Inegavelmente, um dos grandes marcos de conquista dos direitos das mulheres. Reconhecida nacional e internacionalmente, foi considerada pela ONU como uma das três legislações mais avançadas do mundo sobre o assunto. Infelizmente, nem todas as medidas da lei foram implementadas. Aquelas destinadas à educação e à reflexão do agressor, indispensável, ao meu entender, para a educação masculina na compreensão do que seja discriminação contra as mulheres, foi uma que não é aplicada até hoje.
Triste, também, não vermos uma defesa veemente do reconhecimento masculino da eficiência da Lei, a sua defesa se encontra mais adstrita às mulheres. Razão pela qual de inspiração infeliz a do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, quando declara em solenidade comemorativa do aniversário da Lei Maria da Penha,  como causa das violências contra as mulheres, a “intimidação” dos homens diante do “crescente papel da mulher em nossa sociedade”. Certamente, não se deu conta e evidenciou que não debruçou sobre estudos acadêmicos, pois o conceito culpabiliza as vítimas pelas violências sofridas, ascendeu na sociedade.  As mulheres não têm culpa por sofrerem violência, mas sim, a sociedade que escamoteia, esconde e mesmo cultiva um machismo absurdo e retrógrado, como ícone de força, de poder e apropriação das mulheres.
O fato é que a sociedade precisa pensar, refletir o desequilíbrio de gênero que ainda é muito forte em nosso País, desde a manutenção da expressão “chefe de família”, para os homens até a discrepância de diferença salarial em favor dos homens em atividades idênticas com as das mulheres. É preponderante que a sociedade entenda que em briga de casais se mete mesmo a colher, denunciando, mesmo anonimamente, e que as mulheres agredidas não se iludam: toda agressão começa pequena e cresce...até a possibilidade da morte.

 

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