A floresta andou

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A floresta andou

Uma imagem condizente com o nosso país, envolto num ambiente de medo e terror, é aquela que ocorreu ao genial escritor Dante Alighieri, ao principiar a sua Divina Comédia. Ele diz que em meio à sua vida “me encontro em uma selva escura, que a direta via havia desaparecido”. É como nos sentimos, perdidos numa floresta, espreitando perigos e  sujeitos a um destino incerto e perigoso.

Incrédulo e estupefato me pergunto para onde estamos sendo conduzidos, à nossa revelia. Qual o destino a que aportaremos, com os aliados preferenciais com os quais  trilhamos caminhos desconhecidos e neles mergulhamos cada vez mais, assumindo  compromissos que, a  cada passo se  aprofundam e se  tornam irreversíveis.

É inevitável reconhecer que ingressamos, com incontido vigor, nos focos efervescentes e potenciais de um novo conflito de proporções mundiais. Não é possível mais desconhecer, que o conflito do Oriente Médio ultrapassou os limites de uma guerra pela sobrevivência do Estado de Israel, inicialmente contra a agressão de organizações terroristas, e passou a ser um conflito entre Estados, com envolvimento direto do Irã e dos EUA.

O Governo brasileiro estabeleceu uma aliança real com o terrorismo, justificando este conluio de anormais, como se  fora algo semelhante aos crimes nazistas,  para  exterminar o povo judeu nos seus fornos crematórios. 

Abandonando por inteiro a tradição diplomática do país, o  atual governo brasileiro prefere filiar-se com exclusividade a blocos políticos e econômicos, cuja liderança é  exercida pela China  e a Rússia, com a  finalidade de  contrapor-se à  tradicionais alianças ocidentais.

Visando fazer frente ao dólar como moeda e reserva  de valor do  comércio internacional, o Brasil não  hesita em  adotar uma moeda  representativa  do BRICS, como se tal medida não tivesse  por  objetivo fortalecer apenas os países mais  ricos desta aliança, que  faz lembrar os velhos  arremedos da guerra fria.

O futuro desta aventura, afetando o sistema comercial e  financeiro das trocas comerciais, dificilmente não  submeterá nações livres a um remodelado sistema imperialista de trocas internacionais.

A guerra entre a Rússia invasora e a Ucrânia invadida afasta com maior profundidade o Brasil de seus aliados ocidentais e o aproxima da própria Rússia, cujo conflito mobiliza todo o Ocidente democrático, configurando o nosso país na  qualidade de parceiro desta  agressão  e  envolve inteiramente o  Brasil em compromissos que  só o desdobramento deste conflito dirá.

Com vínculos tão profundos com ditaduras, aliados de terroristas contumazes, distantes de aliados tradicionais, o que se pode esperar das ameaças que a China, repetidas vezes, tem feito à independência de Taiwan? 

Uma mudança desta  envergadura na  geopolítica do Extremo Oriente provocará uma inusitada  reação do mundo Ocidental, sendo lícito indagar: não  estará o mundo muito  próximo de um conflito de dimensões mundiais, ou os EUA se  comportarão  como os ingleses, à época de Chamberlain, que imaginou aplacar a fome de  guerra de Hitler com o Tratado de  Munique, cedendo os Sudetos à ganância e desfaçatez alemã?

Nos exíguos limites deste comentário é impossível ilustrar a riqueza de aspectos que cada dos temas aqui tratado tem, porém, assim descritos, bastam para a eminência de uma guerra para a qual o mundo vem se preparando há tempo e o nosso país escolhe seus caminhos de forma imprevidente e desastrosa.

Não se diga, que a História, de todas as ciências humanas, não é capaz de abrir os nossos olhos e fazer a floresta em que estamos perdidos andar. Para quem não acredita que estamos sendo arrastados para a guerra. Para esses lembro o episódio do Rei Macbeth, em Shakespeare, que não achava possível a floresta de Birmam andar, pois quem teria força para arrancar as árvores com suas poderosas raízes fincadas na terra? Pois bem, a floresta de Birmam andou em direção à colina de Dunsinane!

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