Há dois dias atrás Lula da Silva, Presidente da República, lastimou não conhecer outro presidente, que como ele, simpatiza com os terroristas do Hamas, a fim de aconselhar o seu parceiro presidencial, a telefonar para os terroristas e pedir a imediata libertação dos israelitas, sequestrados como reféns durante os sangrentos episódios de sete de outubro.
Tal providência era o bastante para cancelar as ações militares de Israel na faixa de Gaza e encerrar o conflito entre dois povos ciumentos que, mais uma vez na História, mediam forças, arrastados pela ira irracional do ciúme.
O presidente brasileiro, mais uma vez, exerceu a diplomacia presidencial para defender suas convicções pacifistas e o fez movido de tal devoção, que de sua boca fluía uma baba bovina, uma certa gosma elástica, tão alva que manchou seus lábios com a cor da pureza.
Foi o ciúme que dilacerou nações, arguiu do alto de sua invicta sabedoria. Esta destruição criativa do amor interviu na História humana para dizimar populações inocentes através dos séculos. Pena que Napoleão Bonaparte, Hitler ou Assurbanipal e tantas outros líderes não extirparam dos seus corações generosos a negra fúria do ciúme.
Não se sabe ao certo se sobre o presidente brasileiro “paira monstruosa a sombra do ciúme” -como na bela canção de Caetano Veloso – porém é evidente que ele revela uma sabedoria barata e eficaz para equacionar e resolver os litígios matrimoniais, quando sobre eles – no dizer da mesma canção – “o ciúme lançou sua flecha negra”. Uma boa conversa, mais modernamente conhecida como discussão do relacionamento, de preferência na mesa de um botequim, tudo volta a um novo normal. Simples assim!
Torna-se mais palatável e compreensível a simplicidade com que uma guerra eclode e suas razões íntimas, quando Lula da Silva informa que, no atual bate boca entre os extremistas do Hamas e os cidadãos do Estado de Israel, morreram mais crianças que adultos até o presente momento. Sério?
Manuel Maria de Barbosa du Bocage foi um poeta português do século XVIII, em pleno arcadismo lusitano, que anteviu a influência do ciúme na vida das pessoas e das nações e não hesitou em cravar “a negra fúria ciúme”, como responsável pela dissolução do amor e muitas vezes pelo ódio ou antipatia entre povos.
É muito provável que os atuais paradigmas e conceitos norteadores da diplomacia brasileira nasceram de uma interpretação erótica, satírica ou pornográfica que marcaram o gênio criativo de Bocage e fizeram dele um dos mais respeitados literatos da língua portuguesa.
Senão, vejamos: “Dos imutáveis destinos
Se lê no idoso volume
Quantos estragos tem feito
A negra fúria Ciúme.”