A expectativa de todos era ouvir os discursos de Lula e Trump, analisa-los, ver o que cada um tinha a dizer, e avaliar o quanto subiu a temperatura neste momento em que os dois países duelam por razões bem conhecidas e que dividem as opiniões de muitos brasileiros.
Lula dedicou quase a metade do seu discurso para tecer duras críticas aos Estados Unidos da América, esgrimir, com sua espada caustica, palavras desafiadoras relacionadas às sanções econômicas e políticas aplicadas pelo governo norte-americano a ministros e personalidades brasileiras.
Trump, por seu turno, sem o recurso do tele pronto, preferiu, até o fim de seu longo discurso, desconhecer Lula, que parecia o seu oponente, para só fazê-lo no final, após um encontro fortuito de míseros vinte e nove segundos, para dizer que convidou, desta vez pessoalmente, o presidente brasileiro para um encontro, a fim de “conversar” sobre as diferenças que separam os dois países atualmente.
Pensei em tecer oportunas considerações sobre o discurso antiglobalista do presidente americano, rico em teses de alta especulação nos tempos de hoje, mas deixarei para outra ocasião, considerando o precioso conteúdo de suas ideias, às quais expressam a política norte-americana em variados setores.
No mais longo dos vinte e nove segundos da história, Trump teve tempo para convidar o relutante Lula a vir à Casa Branca e mais que isso a cair de amores, fascinado, pelos encantos despertados pelo nosso presidente, também conhecido em tempos passados, como o “cara”, apelido que lhe deu o antecessor de Trump, Barack Obama.
Suponho que o mandatário norte-americano já perdoou no fundo de sua alma astuciosa, as ofensas e impropérios, com os quais Lula agraciou no passado remoto o líder da maior nação democrática do mundo. Se assim não fosse, não teria convidado o líder brasileiro para abrilhantar com sua presença e sua prosa refinada o seleto ambiente oval existente na famosa Casa Branca.
Finalmente, numa manobra tática de alta relevância diplomática, Luís Inácio vinha sistematicamente esquivando-se desta reunião, dizendo-se impedido por razões encobertas, de ir ao encontro do homem de maior poder político e bélico do mundo, sugerindo que tal missão fosse atribuída ora a seu vice-presidente, ora a um grupo de senadores e até a diligentes empresários.
Nada disso deu certo. Trump queria era conversar com quem podia, quem sabe, dobrá-lo numa negociação, mercê da comprovada experiência negocial do interlocutor brasileiro, demonstrada em suas peripécias nas demandas sindicais, nas pingas do bar da esquina ou no jogo de truco!
Essas esdruxulas e superadas aleivosias ideológicas a que Trump, em razão da tradição imperialista norte-americana, deseja impor ao Brasil, como liberdade de expressão, garantias constitucionais, abolição de toda forma de censura, e enfim vigência plena do estado democrático de direito e sobretudo o apreço aos valores da cultura ocidental, na qual se sobressai a fé cristã.
Lula não deixará passar em vão essa oportunidade de ouro, em que ele poderá convencer, numa conversa leal e franca, se possível regada a uma boa cerveja americana, as vantagens oferecidas pelos governos estruturados sob leis autoritárias -como na China e na Rússia, entre outros – assinalar os êxitos obtidos por seus amigos do presente e do passado na ação militar rápida e clandestina dos grupos terroristas, que operam com grande êxito no mundo inteiro, inclusive dos Estados Unidos.
É por essas e outras, olhando com os olhos postos no futuro da Humanidade, que tenho presente as sábias palavras do nosso poeta Manoel de Barros, que nos convida a uma reflexão que só a História e a Verdade nos ensina. Ele diz: “agora sinto que estou me despedindo de alguma coisa. De alguma coisa que morava dentro de mim”.
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Comentários
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Lidia Maria Leal Santana
E eu que tava louca pra ver esse encontro pra saborear o constrangimento do pinguco tal como aconteceu com Zelenski e o PR da África do Sul ao vivo.