Muitos dizem que o Brasil é o país da piada pronta. Falam, ainda, que o Brasil não é para amadores. Verdades do senso comum, mas inquestionáveis. De algum tempo, sem dúvida alguma, para os chamados representantes do povo se perdeu completamente até um certo prurido de constrangimento que existia, diante de determinados corporativismos. Hoje não. Fazem na lata, na cara limpa. As excelências de Brasília estão correndo para a aprovação da PEC 09/2023, que altera a Emenda Constitucional nº 117, de 5 de abril de 2022, quanto à aplicação de sanções aos partidos que não preencheram a cota mínima de recursos ou que não destinaram os valores mínimos em razão de sexo e raça em eleições, bem como nas prestações de contas anuais e eleitorais da anistia. Liberação geral de dívidas. Em verdade, perdão geral para eles mesmos, ou seja: eles aprovaram uma lei de cota mínima de recursos destinados a candidaturas de negros e mulheres para eleições de 2022 para trás, não cumpriram e agora querem se auto-anistiar. Se a credibilidade do Congresso Nacional, por conta da ação da sua maioria, vivia em periclitante conceito, diante da população brasileira, é possível que agora caia de vez, ou não. Digo ou não, porque também é sabido que a memória da nossa gente é da fragilidade de uma pena jogada ao vento, sem direção ou sustentação.
A PEC que está aí na beirada da aprovação com apoio de todos os partidos, menos do PSOL. Esse indigesto corporativismo vai dificultar o cumprimento de cotas de negros e de mulheres, flexibiliza demais a adoção desta forma de reparação social, bem ainda dá uma espécie de salvo conduto, em um financiamento quase que perpétuo e permanente para as dívidas dos partidos. Bilhões serão anistiados, tudo que deveria ir para os cofres públicos, ou melhor, voltar já que recebido por eles. É um deboche diante de empresários, gente comum que deve e tem a sua dívida agigantada com os juros praticados no Brasil.
Apesar de falarmos em representatividade congressual, a verdade, no entanto, é que o povo brasileiro não é minimamente representado nessa dita Casa popular, isto porque as grandes corporações associadas a lobbys poderosos do dinheiro são, sem dúvida alguma, os grandes direcionadores das políticas aprovadas naquele reduto. A maioria social não tem assento político institucional.
Assim, mais um projeto que passará, não tenho a menor dúvida, na Casa de Representação Popular, que a maioria do povo brasileiro não tem a menor ideia do que se trata, e do prejuízo que sofrerá. De fato, o Brasil não é para amadores, nem para ingênuos e ou desinformados.