Aquele que pula com um pé, como se tivesse dois: Tia Honorina de Ossayin

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Aquele que pula com um pé, como se tivesse dois: Tia Honorina de Ossayin

Este é mais um artigo da série “Inesquecíveis”. O título faz alusão a um dos epítetos de Ossayin – Orixá de todas as folhas. O oniṣegun Oriṣa - o médico dos Orixás. No ano de 1912, em 23 de maio, nasce na Ilha de Itaparica, Honorina Basília dos Santos – tia Honorina. Mãe de quatro filhos, Honorina sustentava sua prole vendendo mingau epassou a ser conhecida como “Honorina do Mingau”. Assentou seu Orixá no Ilê Axé Opô Afonjá, ainda como vó Anninha – Eugênia Anna dos Santos, a fundadora do Opô Afonjá. Anos mais tarde, precisou ir mais afundo nos preceitos do Candomblé, quando- na gestão de Maria da Purificação Lopes – Mãe Bada, “fez o Santo”, sendo a primeira filha de Ossayin da casa. Um de seus filhos, José Raimundo dos Santos, conhecido por Zé de Honorina, fez parte do “barco”: o mesmo se iniciou pra Xangô.

Na década de 70, tia Honorina sai de Itaparica e vai morar com seus filhos no Rio de Janeiro a convite de Ondina Valéria Pimentel – Mãe Ondina, passando lá três anos. Com a partida de Mãe Bada, ela retorna pra Salvador e passa a morar definitivamente no Opô Afonjá – na casa de Oxalá. No entanto, ainda com muitas idas e vindas entre Salvador e Itaparica.

Honorina tinha a fama de boa cozinheira. Em um dos relatos feitos por sua filha, Tutuca de Iansã, ela conta: “Certa feita mainha foi à casa de Xangô pra se despedir de Mãe Senhora (a mãe Santo da época), dizendo que ia pra ilha. Quando chegou na casa de Oxalá pra pegar suas coisas, tia Cantu de Ayrá – in memoriam, pediu pra ela fazer alguma comidinha gostosa, pois ela estava com desejo de seu tempero, e as outras irmãs presentes tambémdisseram que queriam. Entre uma conversa e outra e, esperando o tal “cozinhado” ficar pronto, o tempo foi passando e mainha perdeu a hora, resolvendo ficar. Ela tinha uma gargalhada muito alta. Em uma dessas entusiasmadas risadas, Mãe Senhora - da casa de Xangô – pode ouvir suas “gaitadas”. Não acreditando que ainda seria Honorina, Mãe Senhora mandou que alguém fosse apurar pra saber se era ela que ainda estava na roça, pois, pelo horário que tinha dito que iria embora, já tinha dado tempo de ter chegado na ilha. Quando voltaram pra confirmar a suspeita e confirmaram que ela ainda estava fazendo comida pras suas irmãs, Mãe Senhora riu e pediu que mandasse o dela também. Lembra Tutuca, saudosa.

Tia Honorina foi a Iyá Efun do Opô Afonjá, importante cargo existente nos Terreiros de Candomblé. Substituiu Patu de Oxalufan, seguindo no posto até a gestão de Mãe Stella quando, em 28 de março de 2005, tia Honorina se transformou em Ancestral, deixando muita saudade e um enorme legado para os que tiveram o privilégio em conhecê-la – eu tive! A nova geração do Opô Afonjá ainda há de ver um Orixá tão raro e bonito quanto o de Ossayin Delê.

Salve as folhas;

Salve tia Honorina - Ossayin Delê.T

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