Luz Vermelha acesa: Redes Sociais e os jovens.

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Luz Vermelha acesa: Redes Sociais e os jovens.

Recentemente, a rede social Instagram bloqueou a leitura das visualizações e curtidas dos perfis das contas, a salvo os seus donos.  Foi uma lamentação só, afinal de contas me disse uma menina de 15 anos: que sentido tem postar e as pessoas não perceberem o quanto somos populares, vistos?

Em verdade, essa decisão da rede social foi em decorrência de uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem. E se chegou à conclusão, de imediato, que o Instagram é a rede social mais prejudicial à mente dos jovens, sendo, inclusive, aí no geral das mídias, mais viciantes que álcool e o cigarro. Os resultados foram alarmantes, pois evidenciam que 90% dos jovens entre 14 e 24 anos usam as redes mais que qualquer outro segmento etário, o que tem gerado um crescimento assustador de depressão. A pesquisa chega a afirmar que houve um aumento de mais de 70% do número de deprimidos, nesta faixa etária, nos últimos 25 anos. Os jovens, por força das curtidas, visualizações de suas postagens, desenvolvem um grau elevado de ansiedade, autoestima baixa, perda do sono, baixo rendimento escolar, pois a vida passou a estar na dependência dos tais likes de seus perfis e postagens.

Segundo a pesquisa, o site menos nocivo é o YouTube, ainda que seja o que os jovens perdem mais tempo de sono em sua visualização, seguidos do Twitter. Facebook e Snapchat.

O estudo, ainda,  evidenciou que em cada 7 de 10 voluntários o Instagram fez com que eles se sentissem piores na aceitação de sua própria imagem. O resultado ainda mais danoso entre as meninas, pois 09 em cada 10, quase a unanimidade, portanto, afirmaram que se sentem infelizes com os seus corpos e que até pensam em procedimentos cirúrgicos estéticos para melhorar a aparência. Não resta dúvida, consequentemente, que esta ferramenta tão útil ao processo que deveria ser de aproximação, tem levado muitos jovens a um estado lamentável de abatimento moral, a ponto de ter aumentado o índice de suicídio ou sua tentativa entre os jovens brasileiros.

Nós pais e educadores precisamos estar alertas, em buscar ferramentas que levem à compreensão desta moçada de um sentido mais amplo para a vida, em uma dimensão que seja além das questões virtuais e possam pousar no real, em utilidade para si e para a sociedade. Ao longo da pesquisa, 1.479 indivíduos entre 14 e 24 anos tiveram que ranquear o quanto as principais redes (Youtube, Instagram, Twitter e Snapchat) influenciavam seu sentimento de comunidade, bem-estar, ansiedade e solidão.

O estudo mostrou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente o sono, a autoimagem e a aumenta o medo dos jovens de ficar por fora dos acontecimentos e tendências (FOMO, fear of missing out). Apesar do Youtube ser um dos sites que mais deixam os jovens acordados até altas horas, o site foi avaliado como o que menos prejudicou o bem-estar dos participantes. Instagram, em contrapartida, recebeu mais da metade das avaliações negativas. O Snapchat também não foi tão animador. O app de mensagens multimídia instantânea teve os piores resultados: é o que contribui para privação de sono e o sentimento de ficar por fora (FOMO). Muitos jovens destacaram o fato de sofrerem bullying nas redes sociais, sendo o Facebook o pior neste quesito – dois terços dos entrevistados acreditam que a rede de Zuckerberg deixa o cyber-bullying ainda mais cruel.

A “vida perfeita” compartilhada nas redes sociais faz com que os jovens desenvolvam expectativas irreais sobre suas próprias vivências. Não à toa, esse perfeccionismo atrelado à baixa autoestima pode desencadear sérios problemas de ansiedade. Os pesquisadores advertem: os usuários que passam mais que duas horas diárias conectados em mídias sociais são mais propensos a desenvolverem distúrbios de saúde mental, como estresse psicossocial.

As autoridades de saúde que realizaram o estudo pedem que as plataformas mandem mensagens e alertas para prevenir o uso descontrolado das redes e criem ícones especiais para indicar quando as fotos forem editadas, prevenindo assim que as pessoas se sintam mal em relação a sua aparência.

Os cientistas também sugerem que as redes auxiliem a identificar sinais de que os usuários estão passando por problemas de saúde mental através do conteúdo publicado e que ofereçam algum tipo de suporte emocional a essas pessoas.

“As plataformas que supostamente ajudam os jovens a se conectarem podem estar alimentando uma crise de saúde mental “, afirmou a Royal Society for Public Heath, na divulgação dos resultados da pesquisa.

Após a publicação desta matéria, o Instagram se posicionou dizendo que sua prioridade é fazer da rede um lugar seguro e de apoio, onde todos se sintam confortáveis para se expressarem: “Queremos que as pessoas que precisam lidar com problemas de saúde mental possam encontrar no Instagram o apoio necessário a qualquer momento. Por isso, trabalhamos em parceria com especialistas para disponibilizar as ferramentas e informações necessárias para que as pessoas saibam como denunciar conteúdo, obter apoio para um amigo que está precisando ou entrar em contato diretamente com um especialista para pedir conselhos sobre uma questão com a qual eles estejam lidando”, afirma Michelle Napchan, Líder de Políticas Públicas do Instagram na Europa, onde o estudo foi realizado.

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