Mente Elástica

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Mente Elástica

Não é novidade alguma que vivemos uma polarização nacional, de forma tão complicada que não raro, tenho recebido pedido de muito, vamos lá, conselho por força das dificuldades de relacionamentos, inimizades mesmo, que estão assolando lares, amigos. As pessoas não estão tolerando posicionamentos contrários, principalmente nas questões políticas do momento. A ciência do comportamento faz muito que tem conceituado que a inteligência não é ferramenta apenas para buscar acumulação de conhecimento, de cultura. Em verdade, de nada vão nos adiantar um Google na cabeça, se não conseguimos desenvolver uma inteligência emocional – já se fala na inteligência espiritual -, buscando ter uma mentalidade flexiva para encararmos os desafios que nos surgem com resiliência, bem como desenvolver o processo empático – de tentar ficar no lugar do outro -, como forma de maturidade.

Não se trata de abrir mão dos posicionamentos pessoais, em qualquer sentido e direção, desde, claro, que sejam processos legais, éticos, mas no campo destes dias atuais, parece que se estabeleceu uma espécie de: se eu não o convenço, você se torna o meu inimigo. Tornou-se esse ser o convencional, lugar seguro que se acostuma. Surge uma espécie de sensação de pertencimento a grupos, e neles estou tranquilo, pois encontro iguais, não me sinto rejeitado.  Porém, se há algo que temos que aprender, é que a vida não é estática, mas fluida, variada, mutante e, muitas vezes, rápida demais em sua movimentação. Estudos já indicam que para se sobreviver ao dinamismo das mudanças, seu corpo envelhece, seus filhos crescem, seus parente e amigos morrerem...assim para sobreviver a tudo isso, devemos aprender a inovar, a ir além do convencional. Precisamos aprender a flexibilizar a nossa humanidade, entendendo e respeitando as individualidades. Isso é flexibilidade cognitiva, características de mentes acima do normal, no quesito coeficiente de inteligência.  

Usar uma mentalidade mais flexível nos ajuda a responder às dificuldades diárias de maneira mais eficaz, com análise mais equilibrada, no entendimento que cada desafio, por mais contraditório que seja ao nosso pensar, estará nos tirando da zona de conformo mental, exercitando a mente inclusive contra o seu envelhecimentos e natural consequência das mortes dos neurônios. 

Albert Einstein disse que o verdadeiro potencial de nossa inteligência está na capacidade de mudar. Pode-se, entendo, compreender novas perspectivas, sem, naturalmente, anular as suas ideias. Libertar-nos de conceitos de que não necessitamos é uma das nossas maiores virtudes e demonstração de equilíbrio.  Emerge, nestes dias, um novo conceito na Psicologia com força: o da elasticidade mental. Em Design and the elastic mind, livro da arquiteta e diretora de pesquisas do MoMA, Paola Antonelli, que fala justamente da necessidade de desenvolver um pensamento mais elástico. Só assim podemos sobreviver e dar o nosso melhor em uma sociedade em constante mudança. Um ambiente em que agora somos quase forçados a improvisar, a reagir rapidamente para resolver vários desafios.

Há alguns anos, o Museu de Arte Moderna de Nova York, MoMA, hospedou uma exposição sobre elasticidade mental, pela originalidade da proposta, logo se alastrou para as ciências do comportamento, trazendo uma proposição  na nossa forma de elaborar a realidade, de trabalhar, de nos relacionarmos para melhor compreender o mundo. Realmente, desenvolver uma mente elástica não é fácil. O cérebro costuma ser muito resistente a mudanças e tende a viver ancorado em suas zonas de conforto (repare se você em sua casa se senta sempre no mesmo lugar à mesa). Ainda assim, ensinar nossa mente conservadora a ser mais inovadora e flexível pode nos ajudar a promover mudanças positivas. “O progresso é impossível sem mudança, e aqueles que não podem mudar de idéia não podem mudar nada.” Lembrando que mudança para ver o outro e o seu pensar, não, necessariamente, sua forma de ver, sentir e refletir o mundo...mas se for para agregar...
 

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