Munique outra vez

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Munique outra vez

O Acordo de Munique, assinado  em 30 de setembro de 1938 por Adolf Hitler, Benito Mussoline, Neville Chamberlain e Édouard Daladier, foi, na  realidade, o primeiro passo para que o  ditador alemão desse início  -ocupando os  Sudetos e depois  a própria Tchecoslováquia - ao trágico destino da Europa e do Mundo, nos meados do século passado.

Por ironia da História, Munique foi o palco, em fevereiro de 2025, do memorável discurso do Vice Presidente dos Estados Unidos da América, J. D.Vance, perante uma plateia de líderes europeus, que, seguramente, não esperavam ouvir do norte americano, como ocorrera nos tempos de Franklin Roosevelt, que a América novamente acudiria uma Europa dominada.

Desta vez, como bem assinalou J.D. Vance, a Europa deveria envidar esforços para arregimentar a sua própria defesa. O  continente ameaçado dispõe dos meios para  fortalecer  seus recursos militares e estar preparada para rechaçar qualquer ameaça à sua  soberania.

O discurso do Primeiro Ministro da Inglaterra, Chamberlain, na Munique de 1938, denominado de “Paz para o nosso Tempo”, recebeu o epiteto de Winston Churchill, que bem configura a traição à Tchecoslováquia, “entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra”. Nessa Munique renovada,  Europa é novamente convocada a fazer uma  escolha.

Essa escolha é vital para o futuro da Europa. O Vice Presidente americano foi claro ao afirmar que o que mais o preocupa não é a Rússia ou a China, ou  qualquer outro ator externo, mas o  afastamento da  Europa dos seus valores fundamentais, os  quais, ao longo da História, foram  compartilhados com os Estados unidos. 

No seu discurso, J.D. Vance custou a crer que líderes da União Europeia, em  Bruxelas, ameacem fechar mídias sociais porque consideram que praticaram desinformação ou “discurso de ódio” ou simplesmente quando a polícia vai à casa  de cidadãos porque acusam-no  de proferir  discursos feministas ou misóginos. Prossegue desfilando outros tantos  episódios em que a liberdade de expressão é pisoteada e desprezada, como valor universal  dos regimes democráticos.  “De te fabula narratur”...

O chamamento de todos, nos Estados Unidos e na União Europeia, para  defender e valorizar a opinião, o pensamento ainda  que  discordante é o  caminho para  fortalecer os nossos valores compartilhados. Assegurar a liberdade de expressão é a base para a nossa Democracia!

O auge desse pronunciamento histórico e leal com os aliados é quando o norte americano indaga do que precisamos nos  defender, quais são os riscos capazes de nos enfraquecer, destruir nossas identidades¿

Sua resposta a essa pergunta é muito significativa: “não há segurança se você tem medo das vozes do seu próprio povo, da consciência que guia o seu povo?

Para não dizer e exagerar que  foi uma aula de Democracia, que se encontra em estado miserável entre os  europeus, diria que foi uma  reflexão, que  certamente balizará a politica  externa  da nova administração Trump, o  fundamento de  suas alianças, nas  quais o  compartilhamento com os valores  da  democracia liberal será o ponto  de partida.

A nova política externa do governo norte americano doravante não venderá ilusões, nem abrirá mão desses  valores, os únicos que têm a virtude de  conduzir o mundo à reconquista da liberdade individual, da  sociedade liberal e restaurar a tradição cristã ou seja as instituições morais em vexaminoso declínio na atualidade ocidental.

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