No picadeiro o palhaço comia ovos. A plateia gargalhava. A cena grotesca completava-se com a profusão de claras e gemas de ovos de galinha, ovos de pata, de ema e até de jabuti, que escorriam, como baba, pelos cantos da boca escarnecida do velho ator.
Transmitido para todo o país, esse espetáculo circense, pegou de surpresa uma população incrédula. Difícil acreditar que o Presidente da República, travestido de palhaço, se prestasse a esse papel: comer todos os ovos que achasse pela frente na granja presidencial, inclusive aqueles protegidos pelo IBAMA.
Mas comeu e se fartou. Escolhendo entre os ovos os mais substanciosos, a fim de conduzir o glutão ao auge de sua comilança. Não só os ovos de pata têm essa qualidade proteica, como afirmou em sua pantomina.
Também os têm os ovos de serpente. São também ovos palacianos, colhidos no capim viçoso dos jardins do Alvorada e na Granja do Torto.
Quanto mais venenosas as serpentes, melhor. Não é difícil encontrar uma Jararaca distraída bebendo água na cachoeira artificial do majestoso palácio, a famosa Cascavel costuma balançar o rabo e chocalhar para distrair os incautos convivas, nas tarde quentes de Brasília, a Surucucu não é bem vinda ao palácio presidencial, já que não põe ovos, é vivípara a danada, boa mesmo é a Coral-verdadeira, a mais venenosa do Brasil, além de ser a mais bela, é a mais ovípara.
O Palácio da Alvorada, onde o presidente e sua mulher se entretém com os bichinhos palacianos, os ovos de serpente são servidos em uma bandeja de prata a celebridades importantes da hierarquia petista e se fala a boca pequena (não posso garantir que é verdade) que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é uma grande admirador da iguaria gastronômica.
No primeiro café da manhã, os ovos de serpente foram servidos ao presidente com um saboroso cuscuz de milho. O efeito imediato foi o desabrochar da gastança incontida, consectário de um agradável envenenamento, caracterizado por crise fiscal e vexame incurável das finanças públicas.
E não parou por aí. Um dia o presidente acordou com uma vontade indômita de controlar a opinião pública, implantar a censura nas redes sociais e mandar nas plataformas. Comeu uma dose cavalar de ovos de serpente, convidou os ministros do tribunal supremo para deglutir a iguaria e todos saíram do café da manhã como trogloditas das liberdades públicas.
Outro dia foi a Primeira Dama que desejou provar dos ovos de serpente e saiu desarvorada xingando o pobre do Elon Musk, que não tinha nada a ver com ovos ou cobras!
Um dia o presidente deu na telha que precisava de mais dinheiro público para gastar. O chefe da Receita Federal resolveu agradar o presidente. Mal sabia ele que naquele dia o presidente tinha comido um prato suculento de ovo de serpente! Teve a ideia transloucada de editar uma Normativa sobre o PIX. Até hoje não entendi porque o homem da receita não pediu as contas e foi embora!
Inflação, carestia, dólar dispararam. Esse ovo de serpente tá fazendo muito mal ao Brasil! Como disse Hanna Arendt: “o mal não precisa de monstros, só de pessoas que deixam de pensar” e comem ovo de serpente!