O Caçador que se movimenta com rapidez

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O Caçador que se movimenta com rapidez

Inteligentemente Mãe Stella disse: “O que não se registra, o tempo leva!” E é a partir desta narrativa que sigo na busca incansável de dados biográficos dos meus Inesquecíveis, para não permitir que o tempo e nem o vento leve essas memórias.

A minha Inesquecível de hoje é: Titina de Oliveira Santos, carinhosamente chamada de tia Tintina. Nascida em Salvador em 1° de novembro de 1930, residiu no bairro da Cidade Nova; teve cinco filhos e era engomadeira, profissão da qual sustentou e educou seus filhos com honradez e dignidade. Devido a problemas pessoais e de saúde, tia Titina procurou cuidar da vida espiritual, chegando até Ondina Valéria Pimentel – Mãezinha, se iniciando assim, para o Orixá. Passou a morar no São Gonçalo do Retiro, na Baixa de Santo Antônio – numa casa de frente pra rua e com o fundo pra dentro da roça. Anos mais tarde, Mãe Stella concluiu suas obrigações. Seu orukó era: Odé Loyá – O Caçador veloz – aquele que se movimenta com agilidade.

Tenho muitas lembranças em vê-la na cozinha da casa de Oxalá nos afazeres do Terreiro. Tia Tintina era “pau pra toda obra!” Não fazia corpo mole. Até os mais novos admiravam o seu desempenho na cozinha. Ela depenava; tratava e cozinhava. Além disso, lavava; passava e engomava – a sua especialidade. Tia Tintina tinha o habito de ensinar aos mais novos. Sua filha pequena, Vera de Oyá, que infelizmente partiu para o Ọrun – Céu inesperadamente neste ano de 2024, contava com muito carinho do tempo em que viveu ao lado de sua Ojubonã – Mãe cuidadora – aquela que olha o caminho. 

Tia Tintina tinha um neto – Rodrigo. Ele não é iniciado no Candomblé, mas viveu e ainda mora na mesma casa aqui na roça. Rodrigo foi cria do Opô Afonjá e, com certeza teve uma infância feliz junto às outras crianças da roça. Ele conta que no período em que viveu no Rio de Janeiro, mesmo ainda pequenino sentia muita saudade da avó, e, como conseqüência ela também morria de saudades dele. E quando enfim ele retorna, o sentimento de felicidade contagiava até quem não era parente, pois tia Tintina vibrava com a chegada do neto tão querido.  

Tia Tintina partiu para o Ọrun em 07 de dezembro de 1998 aos 68 anos de idade. Deixando muita saudade pra quem conviveu nos pequenos e grandes momentos com ela aqui Ilê Axé Opô Afonjá.

Salve o Caçador que com rapidez traz a bonança!

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