Foi Jordan Peterson quem melhor interpretou a decadência das ideologias, desde a morte tenebrosa do nazismo, sem velas e herdeiros.
Seu amigo e prefaciador de um dos livros mais populares de Jordan Peterson -12 Regras para a Vida, Nornam Doidge, escreveu que “para entender a ideologia, Jordan leu extensivamente não apenas sobre o Gulag Soviético, mas também sobre o Holocausto e a ascensão do Nazismo.”
As ideologias, sejam quais forem, tentam inutilmente substituir a experiência da vida múltipla e diversificada por um relativismo moral, no qual tudo que é proveniente da cultura tradicional dos indivíduos, é desconstruído e posto por terra. Acontece, porém, que a maioria das pessoas não conseguem tolerar o vácuo – caos – inerente à vida. Não conseguem viver sem princípios morais, colhidos da própria vida, para conquistar a paz ou a felicidade, ideal para guiar suas próprias vidas.
A preservação da vida, a conquista da liberdade e da felicidade, inerentes à própria existência humana, passam a ser valores relativos, se considerados pelo relativismo moderno, e o homem, amparado pela ideologia, vê-se, como se diz na Divina Comédia em “una selva oscura”!
As ideologias nascem de uma certeza cega que alega ter uma resposta para tudo, raiz de todo niilismo e desespero, enquanto a resposta para todo o sofrimento humano está na própria existência e nela, na vida real, estão contidas as formas de aceitar, enfrentar, resistir e resolver os sofrimentos suscitados pelo envolvimento humano com algo que lhe é essencial: a vida.
Seguramente não é por outra razão que o célebre e genial sambista baiano, operário linotipista do Diário de Notícias, disse em uma de suas canções, como Jordan Peterson, sem que os dois se conhecessem, ao menos fossem contemporâneos, que “sofrer também é merecimento”, e que compete à razão, ou seja a um princípio moral não relativista, a emergência de uma ideia salvadora, extraída da vida e de suas experiências para não sucumbir ao sofrimento, seja ele de que natureza for, principalmente de for por razões de amor tão frequentes na vida do nosso maravilhoso poeta!
Não é na ideologia, por mais comovente que seja, porém sempre enganosa, que encontraremos os caminhos da salvação nos recorrentes sofrimentos a que estamos sujeitos na nossa vida cotidiana.
São 12 regras, como já salientamos, e todas despertam nosso interesse, seja pela forma como são expostas, mas sobretudo pela imensa confiança no ser humano e no futuro da Humanidade. Uma, todavia, a de número seis, parece-me inusitada, se levarmos em conta as comodidades e fraquezas do mundo moderno. Ela sustenta quão importante é que você, leitor, “deixa sua casa em perfeita ordem antes de criticar o mundo”. Delicadamente, pergunto: você arruma sua cama quando se levanta pela manhã ao acordar?
Pense nisso!
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