Filha de africanos e amiga inseparável de Eugênia Anna dos Santos, a nossa Iyá Obá Biyi – conhecida como Mãe Anninha, Maria da Purificação Lopes, Olufan Deyi, ficou com as responsabilidades do Ilê Axé Opô Afonjá após a partida de Anninha para o Orun – Céu. Mãe Bada, assim conhecida nos Candomblés da Bahia, já tinha uma larga caminhada junto a Anninha que, desde a Casa Branca do Engenho Velho até a fundação do Opô Afonjá, deixou um enorme legado. Sua itinerância junto a Anninha lhe rendeu alguns filhos de santo que, na sua competência em assuntos da religião somada à confiança que Anninha lhe depositava, iniciou várias pessoas em outros Terreiros. Tia Stella dizia que, naquele tempo, o povo de Candomblé era mais unido e as pessoas da religião trocavam “Axés”.
Um ano de luto após o retorno de Mãe Anninha para o Orun, no ano de 1939, Mãe Bada assumiu o Opô Afonjá. Ainda que por um curto período, não tendo tido tempo para ser apresentada ao público – como de praxe; nem de sentar-se no trono de Iyalorixá. Bada começou sua missão com a construção e inauguração da casa de adoração aos Ancestrais: o Ilê Ibó. Esse espaço sagrado foi feito para que as obrigações de Anninha pudessem ser feitas como manda a tradição. Mesmo adoentada e pressentindo sua partida, pois já estava bem idosa e, acredito eu, ainda triste com a partida de sua amiga Anninha, Mãe Bada colocou seu único “barco de Iaô” no Ilê Axé Opô Afonjá – noviços iniciados nos mistérios do Candomblé. Ela contou com a ajuda de Maria Bibiana do Espírito Santo, que mais tarde seria a terceira Iyalorixá e Ondina Valeria Pimentel, a quarta Iyalorixá do Opô Afonjá. Nesta primeira e única barca, Bada iniciou: Honorina de Ossaiyn; Isabel de Iansã; Senhorazinha e Dacruz de Oxun; José e Hilda, ambos de Xangô.
Ainda em 1939, no mês de setembro, Maria Stella de Azevedo Santos foi iniciada para o Orixá Oxossi, passando a se chamar Odé Kayodê e que, futuramente, viria a ser a quinta Iyalorixá do Opô Afonjá. No entanto, como estas senhoras pareciam saber sobre o futuro que ainda estava por vir, Stella de Oxossi foi iniciada pelas mãos de Maria Bibiana do Espírito Santo, a nossa Mãe Senhora.
No mesmo ano (1939), Mãe Bada deu início à construção da casa de Ogun e do novo barracão de festas. Com fala mansa e embolada, por causa do português misturado com o iorubá, Mãe Bada reinou por pouco tempo, mas conseguiu deixar sua marca e seu nome nesta casa de força. Em 1941, deixou esta vida e seguiu ao encontro dos seus Ancestrais, anunciando sua chegada aos Céus pois, como seu próprio nome traduz, Mãe Bada foi uma grande Guerreira.
Salve Olufan Deyi!
Êpa Babá!