Os mortos que enterrem seus mortos

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Os mortos que enterrem seus mortos

É o assunto -com justa razão- que ocupa a atenção de todos que prezam a Democracia e a paz mundial, a recente violência terrorista que o grupo Hamas desferiu contra a população civil do Estado de Israel.

A despeito de minha formação profissional de historiador, confesso que a complexidade dos problemas políticos que  engolfam esta região, na qual é matéria indiscutível o direito  dos  judeus constituírem o Estado de  Israel nos termos propostos  pelas  Nações Unidas, em 1948, sendo, todavia,   igualmente legítima a  constituição do Estado Palestino, o  que não exclui, pelo contrário, aguça  a minha dificuldade em compreender a totalidade do problema político e  militar  que  ali se desenrola.

As nações politicamente organizadas como Democracias liberais no  mundo, como Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha e outras consideram o  Hamas uma organização terrorista, baseadas nos métodos utilizados por  este grupo, atualmente dominante em Gaza, francamente  expostos na invasão do  território israelense no último sábado, deixando um rastro de  crimes, como o assassinato de civis inocentes, a decapitação de bebes indefesos, a invasão de residências, mulheres, jovens e reféns sordidamente capturados.

O Hamas declara em seus Estatutos o propósito de levar a  guerra até o extermínio de Israel, desconsiderando os acordos de paz que previam o  reconhecimento do estado judaico e a criação de um Estado Palestino, condição que exprime o seu desapreço a uma solução justa, estabelecida em acordos amplamente negociados.

O  conflito já se  desenrola desde os idos da criação de Israel e foi amplificado como resultado das diversas guerras que eclodiram no  perigoso  espaço geopolítico do  Oriente Médio. Sem dúvida, que os assentamentos de israelitas em territórios conquistados por Israel desde a famosa guerra dos Seis Dias, na  qual tomaram parte diversos países árabes, derrotados pelo poderio militar  do país judeu, despejaram mais pólvora nas desavenças históricas.

Nos anos 50 e 60 diversas insurgências palestinas,  à  época,  entre os palestinos, da liderança de Yasser Araf, líder da Organização para a Libertação da Palestina -OLP,  insurreições que  tiveram uma resposta considerada desproporcional de Israel, que  culminou com a morte de civis e conquista de territórios.

E 1956 explodiu a crise de Suez e o conflito  colocou frente a  frente o Egito em razão da  tensão que  envolveu o Estreito de Tiran, que  então  caiu sob o domínio de Israel, que o devolveu posteriormente.

O mais emblemático dos desforços militares, que  colocou em luta os países árabes e Israel foi, sem dúvida, a  chamada guerra dos Seis Dias. Nessa confrontação, Israel demonstrou toda sua capacidade militar e numa guerra sem tréguas  destroçou os inimigos. Israel ampliou largamente seu território, tomando a Cisjordânia da Jordânia, as colinas  de  Golan da  vizinha Síria, o Sinai e Gaza do Egito.

De  1967 a 1970 a tensão era insuportável e o panorama era de  escaramuças e conflitos de menor porte, até vir à tona o que se  convencionou chamar uma nova guerra de Yom Kippur, em 1973.  Em balde, os derrotados nos Seis Dias, lutaram para recuperar os territórios perdidos.

Nesta interminável sucessão de guerras e atos de violência  praticados por ambos  os  lados, outros eventos desta natureza confrontaram Líbano e Israel, finalizando com a guerra  de 1982 que finalmente suspendeu de uma vez o bloqueio  naval contra  o  Líbano e celebrou uma paz na  fronteira  sul  do Líbano.

Acordos bilaterais permitiram ao Egito e outros países árabes reconhecerem  o Estado de Israel, a  devolução de  territórios e  abrir  caminho a  novos entendimentos como, por  exemplo, o  que está em curso entre Israel e a Arábia Saudita.

Muitos acordos de paz foram celebrados, sendo as tratativas  de Oslo as mais significativas, contando com a interveniência dos Estados Unidos, governado por Bill Clinton e o aperto de mão de Rabin com Arafat. Aí foi criada A Autoridade Palestina.

Depois que o Hamas tomou as rédeas do poder das mãos da OLP e passou a comandar a Autoridade Palestina, a guerra  conheceu seus dias mais tormentosos e o medo impera numa região onde  a democracia israelense duela com  grupos palestinos, comandado por uma teocracia islâmica, como o Hamas e o Hezbollah!

Um Estado Palestino  soberano e fundado nos direitos do  homem e  do cidadão é uma demanda do  povo palestino que  ainda repousa no  futuro, porém implica necessariamente num esforço do  mundo democrático, inclusive Israel, para superar os obstáculos existentes, sendo um deles o terrorismo e o  mundo teocrático e excludente, representado pelo Hamas e  suas táticas ultrapassadas.

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