Precisa sim de reparação

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Precisa sim de reparação

Infelizmente não é difícil encontrar quem ainda vire o rosto, ou faça ares de pouco caso quando se fala da necessidade de se gerar, sim, alguma reparação aos negros no Brasil, ou pelo menos, as mesmas oportunidades que os brancos encontram. É falacioso e corrente se escamotear estas diferenças, como se fosse um favor, algo inconcebível: a tentativa de se gerar igualdade de condições, fazendo com que alguns estímulos sejam maiores.

Em uma recente pesquisa: Empreendedores do Brasil, o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas constata a disparidades que há entre as empreendedoras negras e brancas no País. Evidencia-se que o grupo das mulheres negras sofre mais para gerar o seu próprio negócio. Hoje são mais de 10 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil, sendo que 4.700.000 são negras, verificando, porém, que elas guardam mais dificuldades para a regularização de seus negócios. O número de CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, por exemplo,  somente 21% da mulheres negras possuem, enquanto que as brancas o dobro, 42%. Constata-se, ainda, de logo, que mesmo sendo a metade das empreendedoras, elas não conseguem o registro em mesma proporção. Outro dado que chama a atenção, diz respeito ao ganho com a atividade do empreendedorismo: as mulheres negras têm ganho mensal de R$ 1.384,00, enquanto as brancas em mesma atividade de R$ 2.691,00 e os homens R$3.284,00. As negras ganham apenas 51% das brancas, mesmo considerando que 49% delas são chefes de família, arcam com as despesas da casa, contra 42% das brancas.

Não se trata, assim, de privilegiar, mas encontrar caminhos que possam gerar, pelo menos, as mesmas condições de competitividade. Não é trabalhoso lembrar que o Brasil foi o último país no mundo a empreender a liberdade às pessoas escravizadas, lançando-as no mundo sem qualquer amparo.

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