Regra das guerras

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Regra das guerras

É triste, trágico verificarmos a formação de torcida a vibrar pela guerra, neste instante entre Israel e o Hamas. A polarização política em cores insanas de uma não lógica muitas vezes bizarra, pois o que apenas conta é admiração por algum lado, incendiando tudo com o vale qualquer coisa para explicar, justificar, aplaudir o que o crivo do bom senso rechaça como humano. O importante é ganhar, onde ninguém ganha, como se fosse um vídeo game. Não importa, é preciso vencer narrativas, discussões, brigas em grupos de WhatsApp, das redes sociais, em geral. Agora se forma a contaminação de tudo pela polarização política, pouco importando vidas que contam de qualquer lado. A guerra sempre se evidenciará como um desequilíbrio civilizatório. 

O fato é que guerra nunca foi solução para nada, ao contrário, sempre gerou rancor, revanchismo, marcas indeléveis que nunca se apagam. Aos que a esta altura da leitura destas linhas, pensam: Então o quê? Israel tem direito, sim, de reagir a um grupo terrorista, mas por incrível que pareça, até para a guerra, há regulamentos. Apesar da violência, as guerras não são um vale-tudo. Desde as Convenções de Genebra, em 1949, há uma série de regras para uso de armas, tratamento dos prisioneiros, feridos e civis. Em 1998 foi criado o Estatuto de Roma, que entrou em vigor em 2002 e estabeleceu o Tribunal Penal Internacional, que julga crimes de guerra. Atualmente, 123 países são signatários do Estatuto, incluindo o Brasil. Todas essas instituições servem para assegurar o tratamento humano em casos de conflito. Os principais pontos das Convenções de Genebra dizem respeito a três coisas: o tratamento dos prisioneiros, o tratamento dos doentes e feridos e o tratamento dos civis. Está convencionada a proteção da população comum, civil precisa ser uma prioridade. É vetado fazer ofensivas contra ela em qualquer contexto. Não pode atacar instituições religiosas, monumentos históricos, hospitais ou outros locais com doentes e feridos. É proibido também atacar pessoas e unidades participando de missões de paz ou assistência humanitária. E menores de 15 anos não podem combater em hipótese alguma. Essas são mais que recomendações, são uma espécie de ética da guerra – como se fosse possível ética, quando o objetivo é matar para ganhar -. No atual cenário, o equilíbrio brasileiro tem sido registrado como de exemplar diplomacia, pois o que é criminoso precisa ser apontado, esteja em que campo estiver. Não poderemos nunca transigir, aceitar atos terroristas, inclusive os que não ocasionam mortos, mas geram inseguranças e incertezas, como vimos no último 08 de janeiro, no Brasil.

Toda vez que falamos de conflito, como o próprio substantivo nos enseja, falamos de posicionamentos antagônicos, logo de ações, incursões, visões, conceitos distintos não equacionados. Dessa forma, haverá, então, e sempre, rejeição e até hostilidade ao posicionamento de quem se encontra em lados opostos, mas será que perdemos de fato a capacidade de nos vermos como humanos e de a busca da paz ser apenas ideação romântica de filmes?   

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