30% da superfície terrestre enfrentou a seca extrema em 2023
Fenômeno pode ocasionar diversos problemas relacionados a saúde pública
Foto: Agência Brasil
A área de superfície terrestre atingida pelas secas extremas aumentou três vezes desde os anos 1980, de acordo com um novo relatório sobre os impactos das mudanças climáticas. Dados do jornal inglês BBC apontam que 48% da superfície terrestre enfrentou ao menos um mês de seca extrema no ano passado, segundo análise do Lancet Countdown on Health and Climate Change, projeto internacional que monitora as consequências das mudanças climáticas para a saúde humana.
Cerca de 30% do planeta enfrentou a seca extrema por três meses ou mais em 2023. Em 1980, a média era de 5%. O limite para a seca extrema é alcançado pelos baixos indicies de chuva em seis meses ou pelos níveis elevados de evaporação em plantas e solo.
As causas de secas específicas podem envolver tantos fatores relacionados a eventos climáticos naturais, quanto a intervenção dos seres humanos. O fenômeno desdobra em problemas, como falta de abastecimento de água, saneamento, segurança alimentar, saúde pública, além de impactar o fornecimento de energia, redes de transporte e a economia.
O aumento das secas afeta regiões como América do Sul, Oriente Médio e Chifre da África. Na Amazônia sul-americana, a seca pode modificar os padrões climáticos, com o desmatamento de árvores que desempenham um papel importantíssimo na formação de nuvens de chuva, prejudicando ciclos de chuva equilibrados e intensificando as secas.
A análise da Lancet Countdown demonstra que as secas causam impacto na saúde das pessoas, gerando a exposição de 151 milhões de pessoas à insegurança alimentar, elevando a desnutrição. Além de doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e malária, se expandirem para novas regiões. O aumento das tempestades de poeira expôs milhões de pessoas à poluição do ar.
A diretora-executiva da Lancet Countdown, Marina Romanello, destaca a importância da diminuição do lançamento de gases do efeito estufa na atmosfera para reduzir os impactos ambientais. "Ainda podemos nos adaptar", diz ela, "mas, se a temperatura continuar subindo, o impacto será cada vez mais difícil de controlar", concluiu.