A revolução da legitimidade e da anexação de terras
Confira o editorial desta sexta-feira (6)
Foto: Acervo
A Revolução Acreana é uma das datas comemorativas a cada novo 6 de agosto – este episódio, em específico, desde 1903. Completa 118 anos neste 2021.
Apesar de, como sugere o nome, remeter ao estado do Acre, no Norte do país, uma das consequências tem, sim, amplitude nacional: a solidificação dos limites territoriais entre Brasil, Peru e Bolívia, após mais de cinco meses de embates entre civis e militares brasileiros e bolivianos por terras e controle dos seringais naquela região – leia-se, controle dos negócios pela borracha.
O processo histórico ocorreu entre 6 de agosto de 1902 e 24 de janeiro de 1903. Foi consequência do primeiro ciclo da borracha, que se tornou tão valiosa quanto ouro, fez com que milhares de brasileiros subissem os rios atrás para extração do polímero.
Ao fim do século 19, a produção de borracha no Brasil marcava um ciclo de pujança, o que induzia à necessidade da busca de mais seringais para abastecimento dos mercados interno e externo. E a ocupação de território quase inóspito estrangeiro tem mais a ver com sobrevivência do que selvageria: a corrente migratória, principalmente de origem nordestina, era uma rota de fuga da seca e dos abusos de latifundiários.
Por isso que o Acre, então território da Bolívia (após assinatura do Tratado de Ayacucho, em 23 de novembro de 1867) sem muito controle e de difícil acesso foi ocupado, especialmente por brasileiros a partir de 1880.
Quando o governo do país vizinho tentou enfim olhar para aquela porção de terra e cobrar os impostos da borracha, somente em 1899, já era tarde – a presença brasileira era enorme e é neste ponto que a revolta começara.
Mas além da anexação do território acreano ao Brasil, a Revolução deixou marcas culturais ao longo destes 118 anos no Acre, e que sempre passa pela legitimação de representatividade e unicidade.