Afeganistão teve mais de 4,5 mil casos confirmados de violência contra crianças

Um relatório do secretário-geral das Nações Unidas aponta que o Afeganistão teve mais de 4.500 casos confirmados de violência contra crianças. O período abrangido pela análise, de janeiro de 2021 a dezembro de 2022, revela um cenário preocupante, com 3.545 crianças, desde poucos meses até 17 anos, sendo vítimas de diversos atos violentos.

A pobreza generalizada no país é apontada como um fator crítico, levando a casos de trabalho infantil. Os registros incluem sequestros, assassinatos, abusos e agressões sexuais entre menores de idade.

A privação de educação, especialmente para meninas após a tomada do poder pelos Talibãs, intensificou a crise. Milhares de crianças agora se encontram trabalhando devido à situação econômica precária, resultando em efeitos negativos no desenvolvimento e bem-estar infantil.

A sexta edição do relatório da ONU destaca ainda que a tensão migratória e o receio de viver sob o domínio dos Talibãs geraram uma crise generalizada e uma violação massiva dos direitos das crianças. O Estado Islâmico-Khorasan é identificado como um dos principais perpetradores, oficialmente listado como violador dos direitos infantis no país.

O relatório revela 257 casos de recrutamento e abuso de crianças, 3.248 crianças assassinadas ou feridas, 21 casos de violência sexual, 33 sequestros e 211 casos de vulnerabilidade em ataques a centros de saúde e escolas. Adicionalmente, confirma 749 casos de privação de acesso a serviços humanitários e sociais.

A representante especial do secretário-geral para Conflitos Armados, Virgínia Gamba, enfatiza que as restrições impostas pelos Talibãs são um contribuinte significativo para o aumento dos abusos dos direitos das crianças. Gamba destaca as práticas tradicionais nefastas, incluindo crimes de honra, casamentos precoces, violência doméstica e violência sexual, como fatores que expõem as crianças a formas graves de violência e comportamentos abusivos.