Alexandre de Moraes é denunciado por 131 delegados por abuso de poder
Documento afirma que supostos crimes contra a democracia foram investigados "ilegalmente"
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Após operação contra empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que defendiam suposto golpe militar através de conversas em grupos de WhatsApp, ex-delegados da Polícia Federal enviaram ao Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, uma notícia-crime contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o delegado Fábio Shor, que conduziram a ação.
O documento, assinado por 131 delegados aposentados da PF, questiona as posturas de Moraes e Shor na operação realizada em 23 de agosto, que resultou em mandados de busca e apreensão, além do afastamento telemático dos investigados. De acordo com os ex-delegados, os supostos crimes foram investigados "ilegalmente", já que Moraes e Shor não cumpriram o “rito do ordenamento jurídico em vigor”.
A denúncia frisa ainda que conversas em grupos privados de WhatsApp não constituem prova criminal e que o PGR deveria ter sido ouvido antes de aconteceram as buscas e apreensões. Os ex-delegados ainda pedem que a PGR “adote as providências cabíveis, em face da possível suspeição de Alexandre de Moraes para o exercício de suas funções na presidência do TSE”.
Manifestações contrárias
Desde a deflagração da operação contra os empresários aliados a Bolsonaro, diversas figuras políticas se manifestaram contra a ação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes. Através das redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou a operação de "insana" e alegou que investigados seriam "honestos".
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que ação foi "arbitrária" e que "a defesa da democracia não pode significar a morte da mesma". O ex-ministro do STF Marco Aurélio Melo também criticou a decisão de Moraes e disse que "inibir manifestação é um passo que não se deve dar".
Alvos da operação, os empresários Luciano Hang e José Koury também comentaram ação da PF. Segundo o dono do Shopping Barra World, autoridades estariam tentando transformar "uma conversa entre amigos em conspiração". Hang, por sua vez, afirmou ter sido "tratado como bandido" e vítima "de um jornalismo raso, leviano e militante".