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Banco do Brasil trava concessão de empréstimos a estados governados por oposição a Bolsonaro, diz Folha de São Paulo

Um dos estados recorreu ao STF para a liberação dos recursos

Por Da Redação
Ás

Banco do Brasil trava concessão de empréstimos a estados governados por oposição a Bolsonaro, diz Folha de São Paulo

Foto: Montagem/Reprodução/Agência Brasil

O Banco do Brasil tem segurado a concessão de crédito a estados comandados por opositores políticos ao presidente Jair Bolsonaro. O governador de um desses estados, de Alagoas, recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para obter os recursos, após o banco ter abandonado as negociações sem maiores justificativas.

Renan Filho (MDB), governador de Alagoas, é filho de Renan Calheiros (MDB), que foi relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) responsável por apurar erros e questões do Governo Federal durante a pandemia. Além disso, Renan Filho também disputa a atenção política no estado com o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro.

“Não há dúvida de que há interferência política nas decisões de empréstimos aos estados brasileiros pelo governo Bolsonaro. Isso é uma pena, porque as instituições são usadas de forma não republicana”, afirma Renan Filho, em entrevista à Folha de São Paulo. 

Além de Alagoas, outros estado que tem enfrentado dificuldade para contratação de crédito no Banco do Brasil é a Bahia. Segundo informações da Folha, nos bastidores do governo baiano há cobrança por tratamento igualitário entre todos os estados. No entanto, o Executivo estadual preferiu não se manifestar.

Em 2021, o Banco do Brasil concedeu R$ 5,3 bilhões de créditos a estados. Cerca de dois terços desse valor foram para estados aliados ao governo Bolsonaro ou para aqueles que são de partidos que estão no atual quadro da gestão federal, 

Entre as legendas beneficiadas estão o PP, que faz parte da base do governo, PSD, MDB e PSDB, que apesar de se declararem independentes, possuem congressistas que apoiam a sustentação a Bolsonaro em votações no Congresso.

Ao ser procurado pela Folha, o Banco do Brasil negou que haja interferência política no processo de concessão de empréstimos e afirmou que segue “critérios técnicos”. “Toda a contratação de operações para o setor público segue rigorosamente as exigências legais dos órgãos reguladores, a avaliação de crédito e os interesses empresariais do BB”, afirmou o Banco à Folha de São Paulo.

Entretanto, segundo apurações da Folha, o vice-presidente de governo do Banco do Brasil, Antônio Barreto, já havia manifestado a intenção de viabilizar operações de crédito a estados que mantém "boa relação" com o governo federal. A sinalização foi dada a funcionários do Executivo no fim de 2021.

Barreto, que passou a ocupar o cargo em maio do ano passado, já passou pela Esplanada dos Ministérios: foi secretário-executivo do Ministério da Cidadania e também esteve em áreas da Casa Civil no período em que era chefiada por Onyx Lonrenzoni.

Barreto não se pronunciou sobre esses relatos.

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