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Brasil tem 31 facções 'poderosas', e CV só não está presente em 5 estados

Entre os grupos criminosos, três têm atuação nacional: PCC (Primeiro Comando da Capital), CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro)

Por FolhaPress
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Brasil tem 31 facções 'poderosas', e CV só não está presente em 5 estados

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

EDUARDA ESTEVES

Um mapeamento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) revela que o Brasil tem 31 facções criminosas com potencial de afetar a segurança de estados. Entre os grupos criminosos, três têm atuação nacional: PCC (Primeiro Comando da Capital), CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro).

COMO CV SE EXPANDIU PELO BRASIL
Expansão do Comando Vermelho começou em 2013. Naquele ano, a facção estava presente em apenas quatro estados, além do Rio de Janeiro, onde surgiu. O relatório da Abin mostra que o CV operava no Pará, Tocantins, Rondônia e Santa Catarina. Atualmente, grupo expandiu suas operações e só não tem atuação em cinco estados: Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Lacunas deixadas pelo PCC e transferências de lideranças impulsionam crescimento da facção. O coordenador-geral de análise de conjuntura da Abin, Pedro de Souza Mesquita, afirmou que com o avanço da facção paulista para outros países, o CV percebeu que existiam territórios que podiam ser ocupados em outros estados. Além disso, Mesquita explicou que quando presos são levados para outros estados, eles buscam outras regiões para atuar, se organizar e voltar para o Rio de Janeiro.

CV se aliou a grupos locais e criou rede de fornecimento de drogas e armas. Ao longo dos anos, o Comando Vermelho começou a se aliar a facções de outros estados que estavam enfrentando o avanço do PCC. "Então, ele [o CV] começa a oferecer a esses grupos uma rede de acesso logístico a armas, e drogas, uma cadeia de comando muito mais descentralizada do que a facção paulista", avalia o coordenador da Abin. Ele cita ainda que o grupo também oferece como vantagem a possibilidade de esconderijo em comunidades do Rio de Janeiro.

Comando Vermelho está envolvido em todos os confrontos entre facções criminosas no país. Mesquita cita ainda que a expansão do CV se consolidou em 2024, tornando-se um dos principais desafios à segurança nacional. A avaliação foi feita durante reunião no dia 5 de novembro, na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Senado Federal.

"A gente tem confronto de grupos organizados no Brasil e todos eles envolvem o Comando Vermelho. Não há confronto de organizações criminosas hoje que não envolva o CV", disse o coordenador-geral de análise de conjuntura da Abin, Pedro de Souza Mesquita.

DOMÍNIO TERRITORIAL E INFILTRAÇÃO ECONÔMICA
Ocupação territorial do CV é método aplicado também fora do Rio de Janeiro. O capitão Daniel Ferreira, subsecretário de Inteligência da Polícia Militar do Rio de Janeiro, detalhou que a facção carioca é especialista em "territorialismo". "Eles dominam o território e, ao longo dos tempos, aprenderam que a exploração da população e de serviços se tornaram um meio de grande lucro, ao ponto do tráfico de drogas não ser o que mais dá lucro ao grupo".

TCP, rival do CV no Rio, também copiou modelo e hoje já está presente em dez estados. No relatório, que deve ser publicado no início de 2026, o Terceiro Comando Puro aparece como uma das facções nacionais, que também ocupa espaços deixados pelo PCC. Grupo criminosa atua hoje no: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.

Terceiro Comando também oferece armas e drogas como atrativo a facções regionais. A expansão ao nível nacional tem ocorrido porque o PCC não é uma facção 'territorialista', e o TCP, sim.

"O TCP vem replicando muito o método do próprio CV e ocupando os lugares em que o PCC era predominante e nesta hoje já não é mais, porque o PCC hoje olha para fora", afirmou o coordenador da Abin.

Abin alerta que o avanço dessas duas facções acende um sinal nacional de preocupação. Agência justifica que essa disputa espalha a "lógica de confrontos violentos típica do Rio de Janeiro" para outras regiões do país.

"Essa rivalidade [entre TCP e CV] vai trazer mais violência, mais morte, é uma rivalidade histórica de facções. Eles estão infiltrados na estrutura do Estado e, por causa das lavagens de dinheiro, o combate tem se tornado cada vez mais difícil", disse Daniel Ferreira, subsecretário de Inteligência da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

PCC ESTÁ PRESENTE EM 28 PAÍSES
A facção paulista expandiu operações para fora do Brasil e está presente em 28 países. O relatório da Abin detalha que, em 2018, o PCC estava presente em onze países, com cerca de 1000 membros. Além da expensão internacional, o número de integrantes saltou para 2078. Países com a maior quantidade de membros são o Paraguai, Venezuela, Bolívia e o Uruguai

PCC ainda é a facção que mais afeta a estabilidade do país, segundo a Abin. "É o grupo que de forma mais sofisticada se 'transnacionalizou'. Identificamos desde 2016 esse processo de avanço internacional. Em 2018 a gente teve acesso a um salve, um comunicado deles, em que convocavam membros que falassem espanhol para poder se proliferarem por outros países", afirmou Mesquita.

Presença de integrantes da facção em outros países não necessariamente se dá porque o grupo quer ampliar o tráfico de drogas nesses locais. Pode estar relacionada, em vez disso, ao envolvimento com outros tipos de crime, como lavagem de dinheiro.

O diretor de Inteligência Interna da Abin, Esaú Samuel Lima Feitosa, afirmou que o mapeamento dos 31 grupos deve ser concluído este ano. Ele não listou os nomes de todas as facções criminosas. "O que isso quer dizer? De forma ainda mais clara, há 31 grupos que são capazes, pelo menos, de afetar a segurança pública de um estado. Desses 31, três atuam em âmbito nacional", afirmou.

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