Editorial

Brumadinho: escolha a vida

Confira nosso editorial deste sábado (25)

Por Erick Tedesco
Ás

Brumadinho: escolha a vida

Foto: Isac Nobrega

A tragédia de Brumadinho, devido ao rompimento da barragem de Córrego do Feijão que matou 270 pessoas, completa um ano neste sábado (25). O impacto deste que foi um dos maiores acidentes de mineração no mundo ainda é catastrófico. Os números de vítimas, por si só, legitimam o drama, no entanto, é preciso também pesar a devastação da natureza e a miséria dos que ficaram. Impossível driblar a miséria para se fazer um balanço deste episódio.

O descaso ainda impera. Diversas famílias continuam desoladas, sem uma esperança de prosperidade no futuro – algumas inclusive sem ainda saber o paradeiro de algum ente que desapareceu em meio aos 13 milhões de metros cúbicos de lama da barragem. 

Do outro lado, a indiferença pelo sofrimento é dilacerante. Após um ano da tragédia ninguém da Vale ou da empresa alemã Tüv Süd e 16 pessoas envolvidas no rompimento da barragem, foram definitivamente condenados pela Justiça. 

Além disso, já se esgotou o prazo para empresas de mineração com barragens de rejeitos erguidas com o método a montante apresentarem projetos para descaracterizar as barragens e, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), nem todas cumpriram o prometido. Na prática, significaria desmontar essas estruturas e, claro, geraria um custo altíssimo, mas que para estas empresas, melhor perder vidas do que custear um novo projeto. 

São, mesmo, irreparáveis os estragos psicológicos e materiais da tragédia. Índices de suicídio e tentativas, em Brumadinho, aumentaram ao longo de 2019, e há quem prega que, ali, todo dia é 25 de janeiro do ano passado, tamanho é o terror de sobreviver cercado dos escombros e do trauma da devastação e do desleixo humano. 

A lição da tragédia de Brumadinho é apenas uma: o indivíduo precisa, urgente, estabelecer relações mais sensíveis e amáveis com o ambiente em que vive. É preciso pensar também na vida ao lado, não apenas no lucro ao lado. Se não, a ganância continuará sendo responsável direta pelas mortes de milhões.

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