Deputados federais fazem turismo no exterior com aval da Câmara
No período de um ano, de janeiro de 2018 a janeiro deste ano, parlamentares usaram R$ 3,9 milhões

Foto: Reprodução | Evaristo Sá/AFP
No dia 3 de maio, a estátua de bronze de Eusébio, um dos maiores jogadores de futebol de Portugal, foi visitada pelo deputado José Airton Cirilo (PT), imitando a pose do ídolo do Benfica, para depois postar, no mesmo dia, a foto em suas redes sociais.
O deputado Cirilo foi um dos oito outros deputados federais de uma comitiva brasileira que passou cinco dias visitando, em missão oficial, locais turísticos de Lisboa e Fátima com praticamente todas as despesas pagas pela Câmara (passagens aéreas e diárias que somaram quase R$ 10 mil para cada um).
Liberadas pelas regras da Câmara de Deputados, viagens internacionais dos deputados têm levado, desde outubro do ano passado, uma média de 26 parlamentares para fora do país, por mês, para destinos de Estados Unidos, Europa e Ásia.
Só a partir do mês de janeiro de 2018 a janeiro de 2019, esses “passeios” custaram R$ 3,9 milhões do dinheiro público. Os custos totais foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
De acordo com as decisões feitas pelo do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), o objetivo oficial das viagens é, entre outros, dar aos deputados “acesso a novos conceitos, políticas públicas e experiências legislativas úteis ao Brasil”.
A “CamaraTur” na prática, tem sido usada para viagens de deputados, acompanhados pelos cônjuges (o custo de eventual acompanhante não é bancado pela Câmara), para destinos turísticos, com justificativas muito pífias, sem trazer real ganhos ao Legislativo, esse tipo de deslocamento.
Inúmeros relatórios de viagens apresentados se resumem a poucos parágrafos copiados sem nenhuma ressalva de textos encontrados em uma simples pesquisa na internet, sem citar a fonte, como se fossem a simples transcrição da experiência adquirida pelo parlamentar.