Caso Evaldo Rosa: ministra do STM diz que julgamento dos militares envolvidos a deixou 'abalada'
Para Maria Elizabeth, futura presidente da Corte, desdobramento demonstra racismo estrutural
Foto: Agência Brasil/José Cruz
A futura presidente do Supremo Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, afirmou que o julgamento dos militares envolvidos nos assassinatos do músico Evaldo Rosa e do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, no Rio de Janeiro, a deixou “extremamente abalada”. O crime ocorreu em abril de 2019.
Em entrevista recente à Agência Brasil, a magistrada classificou como “lamentável” a decisão da Corte que, na semana passada, reduziu as penas dos oito militares do Exército acusados pelos crimes.
Os militares dispararam 257 vezes, sendo que 62 tiros atingiram o carro onde estavam Evaldo e sua família, que seguiam para um chá de bebê no bairro de Guadalupe, na zona norte do Rio. Luciano Macedo foi morto ao tentar ajudar as vítimas que estavam sendo alvejadas.
“Não tem nada pior do que temer o Estado. O Estado pode ser um inimigo invisível que você não tem como combater. A prova disso está em Guadalupe”, disse a ministra.
Maria Elizabeth foi a autora do voto mais severo contra os militares envolvidos no caso, sugerindo penas de 31 anos e 6 meses de reclusão para o tenente, 28 anos para o sargento, e 23 anos e 4 meses para os cabos e soldados envolvidos.
No entanto, o relator do caso, ministro Carlos Augusto Amaral, tenente-brigadeiro da reserva da Aeronáutica, acatou a tese da defesa, que alegava que o disparo que atingiu Evaldo Rosa ocorreu durante uma suposta troca de tiros.
Quanto à morte do catador Luciano Macedo, Amaral votou pela reclassificação do crime de homicídio doloso para culposo, considerando que não houve intenção de matar.
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Para a ministra, que vai assumir a presidência da Corte em março de 2025, toda a situação é dolorosa e fruto do racismo estrutural, inclusive porque os militares que dispararam contra os inocentes também são negros.