Cisne Vermelho V

Por Da Redação
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Cisne Vermelho V

Foto: Divulgação

“Para além das ideias de fazer o certo ou o errado, existe um campo. Eu me encontrarei com você lá.”
Jalal ad-Din Rumi, Poeta Místico Persa do século XIII.

Trump, o Cisne Vermelho, causa apreensão. Negocia com autocratas, semelhantes a si, porque sabe que são eles que mandam. Ignora formalidades diplomáticas. Para ele, líderes europeus são frágeis e irrelevantes. Geopolítica se joga com poder, não com boas intenções. Sob sua liderança, os EUA deram o primeiro passo para encerrar uma guerra que ceifa milhares de vidas. Em briga de elefantes, quem sai amassado é a grama. A grama hoje é a Ucrânia, devastada pelo inimigo ditador, abandonada pelos amigos democráticos. 

Amy Chua, professora de direito em Yale e autora de Grito de Guerra da Mãe-Tigre, defende uma criação de filhos baseada em disciplina rígida. Seu livro foi um estrondoso sucesso em mais de 30 países, tornando-a uma das 100 personalidades mais influentes do mundo, segundo a TIME. Mas sua ascensão foi breve. Logo, tornou-se alvo da cultura intolerante da extrema esquerda, sendo massacrada nas mídias convencionais e redes sociais. Além de altamente bem-sucedida, Amy é especialista em política externa, globalização e conflito étnico.

Neste fim de semana, o presidente da Conferência de Segurança de Munique, Christoph Heugsen, chorou como uma frágil criança abandonada pelo pai herói. Setenta anos, bastião da diplomacia europeia, desabou em prantos após o discurso claro e direto do jovem vice-presidente dos EUA, J. D. Vance. Um choro vexatório e muito simbólico. Heugsen não é um diplomata qualquer. Foi o assessor da chanceler alemã Angela Merkel para política externa e segurança. Arquiteto da decisão de abrir as fronteiras alemãs permissivamente para cerca de um milhão de refugiados sírios em 2015.

Na época, a aliança sino-russa assegurou a Bashar al-Assad carta branca para executar um massacre na Síria, esmagando qualquer resquício de oposição e consolidando um regime de terror. Para a Rússia, era a reafirmação de sua influência no Oriente Médio. Para a China, um cálculo estratégico: garantir que a etnia Uigur, presente em Xinjiang, entreposto vital da Iniciativa do Cinturão e Rota, não se aliasse a grupos terroristas como o Talibã, Estado Islâmico e Al-Qaeda, comprometendo sua estabilidade interna e ambições globais. Enquanto Moscou assegurava o controle de Damasco, Pequim expandia sua presença econômica e militar na região, consolidando sua rota até o Mediterrâneo – peça-chave na disputa por mercados e influência no Ocidente.

No meio desse jogo brutal, Angela Merkel, sob a influência de Christoph Heugsen, respondeu ao massacre sírio com o gesto humanitário – e suicida. Ao abrir as fronteiras da Alemanha para mais de um milhão de refugiados, permitiu também a entrada de terroristas da pior espécie, desestabilizando a segurança interna e aprofundando a fragmentação social. Com essa decisão, a ilusão da social-democracia como força geopolítica ruiu de vez.

Heugsen chorou em Munique. Zelensky não. O presidente ucraniano, abandonado por todos, por ora, lidera com honra e coragem, pagando toda a conta de uma Europa frouxa, burocrática e incapaz de se defender sem a tutela americana.

J. D. Vance sabe bem o que significa firmeza. Filho de uma mãe dependente química e abandonado pelo pai, tinha tudo para se tornar mais um indigente social do meio oeste americano. Mas seus avós assumiram sua criação e lhe deram algo que falta à Europa: firmeza e limites em nome de uma vida digna. Permissividade é negligência, não é compaixão. Sem regras, sem firmeza, sem noção de realidade, o ser humano perece. Amy Chua, a mãe rigorosa, foi professora e mentora de J. D. Vance. Incentivou-o a exercer sua liderança. Com o impulso de Chua, Vance publicou um livro sobre sua história de superação, A Elegia de um Caipira. Sucesso total. Conquistou mentes e corações de americanos de todos os matizes, identificados com sua vida sofrida, sua coragem e superação: disciplina, educação, trabalho e fé.

A aliança sino-russa opera uma frota de navios clandestinos que sabotam cabos de comunicação e gasodutos submarinos na Escandinávia. Apesar de flagrante atividade criminal, Suécia, Dinamarca e Noruega nada fazem além de se queixarem nos canais oficiais. No dia de Natal de 2024, na terra do Papai Noel, os finlandeses agiram diferente, com firmeza, abordaram e retiveram o navio pirata russo, “Eagle S”. O navio causou múltiplos danos a cabos submarinos no Mar Báltico, evidenciando o esquema paramilitar sino-russo. Além das sabotagens, Putin mobilizou tropas na fronteira. Os finlandeses eriçaram os pelos e mandaram diversos recados via redes sociais: “estamos lhe aguardando, aqui vocês perdem”. Na Conferência de Munique, o presidente finlandês Alexander Stubb, em vez de chorar, reiterou que cabe à Europa convencer os EUA de que são dignos de proteção. 
 


Foto: “Frieza Russa. Carro Alemão.” Crédito: Matheus Oliva

Eleitores do Ocidente estão percebendo a fragilidade de um sistema permissivo rico em direitos e frouxo em obrigações. O Estado hipertrofiado é um pernicioso indutor de desigualdade. Nos EUA, Trump venceu pela segunda vez porque simboliza a esperança com ruptura de um ciclo vicioso. Americanos estavam fartos da burocracia que divide a sociedade em micropoderes e repartições. O que uma sociedade próspera demanda é um Estado que não atrapalhe quem produz, que incentive a iniciativa privada e garanta o básico: liberdades individuais, educação, saúde e segurança, com qualidade. Se Trump entregará uma sociedade mais justa, mais livre e mais próspera só o tempo dirá. Hoje ele tem o mandato democrático para perseguir este objetivo, é preciso respeitar. Sabotagem é jogo sujo.

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