Como agia Lucas Lobão, ex-coordenador do Dnocs, em esquema de lavagem de dinheiro
Preso na operação Overclean, Lobão é apontado como um dos chefes da organização criminosa acusada de fraudar licitações
Foto: Câmara dos Deputados
O ex-coordenador estadual do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) na Bahia, Lucas Maciel Lobão Vieira, preso na operação Overclean da Política Federal (PF), utilizava uma técnica conhecida como smurfing para evitar alardes e dificultar a rastreabilidade dos valores ilícitos no esquema de lavagem de dinheiro, segundo consta no pedido de prisão, ao qual o Farol da Bahia teve acesso. Lobão é apontado como um dos chefes da organização criminosa acusada de desviar recursos públicos de emendas parlamentares para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais.
A estratégia executada por Lucas Lobão consiste em fracionar uma grande quantia de dinheiro ilegal para tentar driblar as autoridades e esconder o crime. Além disso, segundo consta no pedido de prisão, Lobão recebia uma parte substancial das propinas em dinheiro vivo, tornando o esquema mais complexo para os órgãos de fiscalização. O termo vem do desenho 'Os Smurfs', uma alusão entre o tamanho dos personagens e o fracionamento do dinheiro.
O smurfing é um dos jeitos mais comuns de lavar dinheiro e foi trazido à tona pela mídia após a prisão da advogada e influenciadora Deolane Bezerra, por participar de uma organização criminosa ligada a jogos ilegais.
Mais sobre a atuação de Lucas Lobão
A autoridade policial constatou ainda que Lobão facilitava a aprovação dos contratos enquanto atuava como coordenador do Dnocs. Mesmo depois de exonerado, em 2021, Lucas Lobão continuou nos bastidores do esquema em favor da empresa Allpha Pavimentações, dos irmãos Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente - também apontados como chefes da organização criminosa, além do empresário Marcos Moura, conhecido como o Rei do Lixo.
Lobão coordenou o Dnocs na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por indicação do vereador de Salvador Alexandre Aleluia (PL), de quem foi assessor na Câmara Municipal. Em 2021, ele foi destituído do cargo após um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar sobrepreço estimado em mais de R$ 100 milhões na compra de 470 mil reservatórios de água de polietileno.