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Conflito entre Rússia e Ucrânia poderia afetar economia do Brasil, diz especialista

Em entrevista ao Farol da Bahia, historiador Ricardo Carvalho explica tensão entre países

Por Ane Catarine Lima
Ás

Conflito entre Rússia e Ucrânia poderia afetar economia do Brasil, diz especialista

Foto: Vadim Grishankin/Wikimedia Commons | Alan Santos/PR

O ano de 2022 começou com a intensificação da conturbada relação entre Rússia e Ucrânia. Nas últimas semanas, o mundo tem vivenciado o temor acerca das consequências de uma invasão russa e a possível resposta dos Estados Unidos e aliados. Apesar da tensão, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), iniciou uma viagem à Rússia, de Vladimir Putin. Esse movimento fez, segundo especialistas, as especulações aumentarem.  

Embora o conflito entre os países tenha tomado novos rumos no final do ano passado, quando a Rússia posicionou mais de 100 mil soldados e um conjunto de aparatos militares, como veículos blindados e armamentos, na fronteira com o país do Leste Europeu, o historiador Ricardo Carvalho disse ao Farol da Bahia que as divergências são históricas.

“As tensões entre Rússia e Ucrânia são históricas. Elas iniciaram desde a Guerra Civil, após a  Revolução de 1917, quando foi formada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A Ucrânia foi integrada àqueles países satélites capitaneados por Moscou, quando se formou a União Soviética. Com a derrocada do sistema socialista e o surgimento da CEI [Comunidade dos Estados Independentes], atual Federação Russa, a Ucrânia foi um dos primeiros países a se libertar do domínio de Moscou e isso manteve o país numa divisão muito séria. Isso porque a parte Leste do país, fortemente ligada à Europa Ocidental, deseja se integrar a União Europeia e tem vínculos diplomáticos e culturais com o ocidente”, explicou o especialista.

“Existem muitos grupos étnicos e armados que desejariam manter o país vinculado a Moscou. Então, é essa a tensão e, sobretudo, é nisso que se baseia a Rússia para alegar uma possível invasão”, completou Carvalho, que frisou que o mau trato que a população sofre do governo de Kiev e os interesses estratégicos da Rússia na região também são motivos considerados. 

No mundo globalizado, a crise entre os países claramente afeta a economia global. E, de acordo com Ricardo Carvalho, o Brasil está inserido nesse contexto. “Qualquer conflito armado ou tensão diplomática afeta as economias do mundo, isso é inevitável. Uma guerra entre Ucrânia e Rússia afetaria o Brasil principalmente na relação comercial, vinculada a alguns commodities que são vendidos para os dois países, e no fornecimento de fertilizantes exportados pelo país russo”, afirmou.

Nesse cenário, o especialista afirma que a viagem de Bolsonaro à Rússia tem como justificativa, entre outras coisas, “facilitar o recebimento desses fertilizantes”. “Hoje, países no mundo inteiro sofrem com faltas de insumos e o Brasil teria ‘teoricamente’ uma prioridade nas exportações russas”, reforçou Carvalho. 

Além disso, ele disse que a visita reflete também o "desastre diplomático do governo atual”. Para Ricardo, a visita de Bolsonaro à Rússia, neste momento, não é positiva. "É uma tentativa de mostrar que ele não está isolado. Já para Putin, a visita serve para mostrar que ele tem algum tipo de apoio”.

Queda de braço

Questionado sobre o papel dos EUA no conflito em questão, o historiador Ricardo Carvalho disse que há, “sem dúvida alguma”, uma queda de braço entre o país americano e a Rússia. “Ao longo dos últimos anos, após a Guerra Fria, eles ainda disputam para saber qual dos dois tem papel de maior relevância em suas regiões", disse o especialista.

"Os Estados Unidos querem manter sua liderança planetária, batendo de frente muitas vezes com França, Inglaterra, China e Rússia. Então, os Estados Unidos assumem o líder da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e do mundo ocidental. É uma queda de braço sobre quem é que tem mais força”, concluiu. 

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