Doenças inflamatórias intestinais aumentam a incidência no Brasil
Dados foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia
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As doenças inflamatórias intestinais afetam aproximadamente 10 milhões de pessoas em todo o mundo, e no Brasil, os números estão em ascensão, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (26), pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia. No Sistema Único de Saúde (SUS), a incidência chega a 100 casos para cada 100 mil habitantes, sendo predominantemente homens e mulheres entre 15 e 40 anos.
A Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa são as principais condições dentro desse grupo de doenças crônicas e imunomediadas, originadas por uma resposta inflamatória anormal no próprio corpo após exposição a gatilhos específicos. Essas doenças podem afetar todo o intestino ou partes dele, destacando a importância da conscientização da sociedade, indústria, pacientes e médicos para identificar os sintomas precoces, buscar diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado.
Os primeiros sinais das doenças inflamatórias intestinais geralmente incluem constipação, dores abdominais e diarreia, frequentemente associados a outras condições. Além disso, essas doenças afetam o corpo como um todo, em vez de apenas um órgão, o que pode causar uma variedade de efeitos. Por esse motivo, são frequentemente associadas a comorbidades, conforme ressalta a gastroenterologista Dra. Cristina Flores, presidente da Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite - GEDIIB.
Um estudo epidemiológico conduzido pelo GEDIIB, utilizando o primeiro registro nacional de pacientes organizado pela própria entidade, acompanhou 1.179 pacientes entre 2020 e 2022. Os resultados mostraram que a maioria das manifestações mais graves dessas doenças impacta pessoas mais jovens, entre 14 e 35 anos. Cerca de 21% desses pacientes também apresentaram manifestações extraintestinais, como doenças reumatológicas, comuns em casos de doenças sistêmicas, como as doenças inflamatórias intestinais.
Durante a jornada desafiadora do paciente em busca de diagnóstico e tratamento adequados, dados da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD) revelam que aproximadamente 12% dos pacientes demoraram mais de três anos para procurar um médico especialista (gastroenterologista ou coloproctologista), e 43% buscaram o pronto-socorro pelo menos quatro vezes antes de receber um diagnóstico definitivo. Diante disso, a especialista destaca a importância do diagnóstico precoce, pois quanto mais cedo a doença for identificada, mais rapidamente poderá ser tratada, garantindo uma melhor qualidade de vida ao paciente.
Embora ainda não exista uma cura para as doenças inflamatórias intestinais, existem tratamentos eficazes que controlam o processo inflamatório, reduzem os sintomas e permitem que os pacientes retomem sua qualidade de vida, mesmo enfrentando os desafios diários dessas condições.